domingo, 9 de novembro de 2025

D. Izaura e sua gente – Os turfistas

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a décima-primeira crônica da série “D. Izaura e sua gente”. Prossigo com as histórias.


Alguns dos moradores do sobrado eram turfistas, ou seja, apreciavam o turfe e apostavam nos cavalos.

Naquele tempo, o turfe tinha uma posição de grande destaque, tanto esportivo quanto social; as corridas de fim de semana eram acompanhadas pelo rádio e os grandes prêmios eram eventos da alta sociedade. No Rio, então capital do País, o Grande Prêmio Brasil, realizado no hipódromo da Gávea, era um evento anunciado e reportado no Brasil todo. As duas principais revistas, Cruzeiro e Manchete (esta, a partir da década de 1950) publicavam longas e detalhadas reportagens com fotos espetaculares das corridas e das pessoas notáveis em seus trajes de gala; as mulheres elegantíssimas, com vestidos maravilhosos e chapéus espetaculares.  

Em São Paulo, o Grande Prêmio São Paulo seguia o modelo do Rio. O belo hipódromo de Cidade Jardim se engalanava para a festa.

Eu, particularmente, antes de frequentar a casa de D. Izaura, não prestava atenção no turfe, apenas sabia dos grandes eventos pela imprensa e o nome de alguns cavalos famosos; nunca tinha ido a um hipódromo, muito menos apostado em cavalos. Foi lá que passei a escutar as conversas dos turfistas da casa, sobre os grandes prêmios e sobre as corridas habituais dos fins de semana.

Ao longo dos anos, os cavalos e jóqueis principais, que corriam em ambos os hipódromos, eram mencionados. Cavalos e éguas campeões, como Helíaco, Garbosa Bruleur, Tirolesa e Gualicho, e jóqueis extraordinários como Luiz Rigoni e Luiz Gonzales.

Gualicho, único bicampeão dos Grandes Prêmios Brasil e São Paulo

Havia diálogos assim:

“O cavalo "X" é muito bom”.

“É, mas na areia ele não corre bem” ou “É, mas desta vez quem vai montá-lo é um novo jóquei”.

“O jóquei “fulano de tal” usa freio; eu prefiro o “sicrano” que usa bridão”.

Quanto a apostas, de vez em quando havia uma dica sobre o resultado de um páreo:

“Um amigo meu, que frequenta o Jóquei Clube, teve uma informação “de cocheira”: esse cavalo novo do quarto páreo, que não é favorito, deve ganhar – está “na ponta dos cascos”.

“Nesse páreo, vou apostar no cavalo “X”, que não está muito cotado. É um ‘tiro’.”

Lembro-me de que, no sobrado, os turfistas eram o Dr. Lauro, o Gentil, e o Lúcio. Soube, recentemente que o primeiro, com D. Yolanda, ia ao hipódromo nos eventos importantes.

Para apostar, o Gentil ia de automóvel à sede do Jockey Club no centro da cidade, no domingo, pela manhã. Eles deviam usar, também, “bookmakers” como alternativa. À tarde, torciam animadamente em torno do rádio do salão, ouvindo ansiosos a irradiação do “speaker” especialista em turfe (o mais famoso, em São Paulo, era Vicente Chieregati).

Uma certa ocasião, o grupo estava em baixa, não conseguia acertar nas apostas. Ficaram preocupados, conversaram e resolveram substituir o rádio por um novo, pois concluíram que o antigo estava dando azar...


Ciumara, a irmã de Leilah, herdou o rádio da sala. Só não sabemos se é o primeiro ou o segundo desta história. Ei-lo:


Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

. A foto de Gualicho foi obtida de pesquisa no Google. Link:

https://www.google.com/search?q=foto+do+cavalo+Gualicho&oq=foto+do+cavalo+Gualicho&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOTIHCAEQIRigATIHCAIQIRigAdIBCjE1OTk0ajFqMTWoAgiwAgHxBXZgz3hKGHV7&sourceid=chrome&ie=UTF-8#vhid=i9aOy6jG1C549M&vssid=_Rw4Nac-uM6LZ5OUPw5jbwQ0_49

 

. Cara leitora ou prezado leitor: para ler quaisquer das dez primeiras crônicas da série, clique nos respectivos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovô Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

5) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 1

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/06/d-izaura-e-sua-gente-as-pessoas-1.html

6) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 2

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-apresentando-as.html

7) D. Izaura e sua gente – O baile do Odeon

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-o-baile-do-odeon.html

8) D. Izaura e sua gente – Lembranças do Gentil

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/08/d-izaura-e-sua-gente-lembrancas-do.html

9) D. Izaura e sua gente – Festinhas no sobrado

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/09/d-izaura-e-sua-gente-festinhas-no.html

10) D. Izaura e sua gente – O vestibular dos rapazes

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/09/d-izaura-e-sua-gente-o-vestibular-dos.html



terça-feira, 23 de setembro de 2025

D. Izaura e sua gente – O vestibular dos rapazes

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a décima crônica da série “D. Izaura e sua gente”. Prossigo com as histórias.


Na crônica de introdução da série escrevi:

“Conheci meu amigo Sérgio Bastos quando, aos quinze anos, em São Paulo, passei do Ginásio Estadual do Ipiranga para o Colégio Estadual Presidente Roosevelt para fazer o curso colegial científico, que me prepararia para a universidade.

As aulas do colégio eram no período da manhã. Na época de provas, nós estudávamos, à tarde, na casa dele, que ficava a dez minutos, a pé, do Colégio. Minha casa ficava em um bairro afastado, distante do colégio uma hora, viajando de bonde. Naqueles dias, eu almoçava na casa dele, onde moravam várias pessoas da família: seus avós maternos, seus pais, tios e um primo.”

Em crônicas anteriores , contei assim como aconteceu formarmos a dupla, que mantivemos até concluirmos o curso de Engenharia:

“Desde o primeiro ano do colégio, o desafio dos estudos e dos trabalhos, principalmente de Matemática mas também de outras matérias, fazia com que vários colegas buscassem estudar em duplas. Acabei formando dupla com o Sérgio.

No primeiro ano do curso, chamado “Científico”, foram formadas no colégio quatro classes (A, B, C e D), separando os alunos por ordem alfabética do primeiro nome. O “W”, inicial de meu primeiro nome, me levou à classe D. O mesmo aconteceu com aquele que seria meu colega por 8 anos, porque sua inicial era “S”. O Sérgio Bastos, vindo de outro ginásio estadual, se tornou meu parceiro de estudo; os dois colegas mais chegados a ele, no Ginásio, também passaram para o Roosevelt, mas suas iniciais eram, respectivamente, “E”, de Edison e “M”, de Milton. Se um deles se chamasse Renato, por exemplo, nossa parceria, provavelmente, não teria  acontecido.

Ele era muito estudioso, muito bem-preparado na Escola Caetano de Campos, já estudava Inglês e Francês em escolas especializadas; eu era bom aluno em todas as matérias, embora com menos preparo do que ele nesses idiomas. Em Português, nosso conhecimento era equivalente e eu conhecia mais o Espanhol. Nossa dupla iria durar os três anos de colégio, um ano de cursinho pré-vestibular (concomitante com o terceiro), mais os cinco anos do curso de Engenharia. Embora, na profissão, tenhamos seguido caminhos diferentes, mantivemos a amizade, por várias razões; entre outras, porque me casei com a prima dele.”

Enfrentamos muito bem as dificuldades do curso no colégio Roosevelt, famoso por exigir muito do aluno. Em especial, o professor Cruz, de Matemática, era temido por seu método de ensino, que requeria dedicação extrema dos estudantes para evitar a reprovação. Nosso relacionamento com ele foi melhorando à medida que avançávamos no curso com bom desempenho e ele nos conhecia melhor. Terminamos com muito boas notas e o temor inicial se transformou em um relacionamento amigável, com muito respeito.

Desde o início do Científico, fortemente envolvidos com Matemática, Física e Química, Sérgio e eu estávamos inclinados a fazer Engenharia, como, aliás, a maioria da turma. Porém, no segundo semestre do segundo ano, ao planejarmos fazer o curso de preparação para o vestibular – o Cursinho – o Sérgio, discutindo o assunto com a família, chegou a considerar fazer Medicina, pois havia a perspectiva do apoio do tio doutor para seguir a nobre profissão e, na matéria Ciências Naturais, também tínhamos muito boa preparação. Porém, ao passarmos para o terceiro ano do colégio, Sérgio decidiu seguir mesmo Engenharia. Ambos, então, fizemos o Cursinho do Colégio Anglo-Latino, muito conceituado, concomitantemente com o terceiro ano do científico, com o objetivo específico de enfrentarmos o vestibular da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a Poli.

Corria o ano de 1950, certamente um dos anos mais ocupados de nossa vida de estudantes. Em resumo, tínhamos muito pouco tempo para lazer – um mínimo de cinema, futebol, festas. Por exemplo, da copa do mundo de futebol realizada no Brasil, a primeira após a segunda guerra mundial, apenas  acompanhamos os resultados dos jogos.

O edifício do Anglo-Latino era também bem próximo do sobrado, na mesma rus do Colégio, e o horário, se bem me lembro, era das 18 às 21 horas. Tínhamos, portanto, aula pela manhã no Colégio, estudávamos à tarde  e íamos ao Cursinho à noite. Normalmente, eu ia para casa na hora do almoço e voltava à noite, mas em época de provas me mudava, praticamente, para o sobrado. Cheguei a propor pagar pela hospedagem, mas minha proposta não foi levada em consideração. Aliás, essa acolhida na ocasião das provas iria se estender aos anos do curso na Poli.

O sobrado, à tarde, era muito sossegado. Permaneciam em casa, habitualmente, D. Izaura, Seu Juca e D. Glória, mais as empregadas. Sérgio e eu estudávamos no escritório do Doutor, que trabalhava em seu consultório, no centro da cidade. Fazíamos um intervalo lá pelas cinco da tarde, quando costumávamos tomar um chá com D. Izaura e conversar um pouco com ela que, depois, escutava sua novela no rádio. Seu Juca acompanhava, de vez em quando, nossa leitura de pontos de Ciências Naturais – e comentava.

Em ocasiões de muita carga de estudos, o que aconteceu com frequência no terceiro ano, ainda estendíamos os trabalhos para depois do jantar.


Concluído o curso colegial com ótimo desempenho (modéstia à parte), partimos para a reta final da preparação para o vestibular, no cursinho e em casa, mais o trabalho de inscrição no exame da Politécnica. Não me recordo de cerimônia de formatura, além das despedidas no Colégio, com sessões de fotos da turma com os professores.

A turma do terceiro ano do Colégio – Assinalados: Washington e Sérgio

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

D. Izaura e sua gente – Festinhas no sobrado

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a nona crônica da série “D. Izaura e sua gente”. Prossigo com as histórias.


A família fazia reuniões e festas animadas no sobrado de D. Izaura.

As reuniões eram almoços e jantares da família – filhos e cônjuges de D. Izaura mais alguns convidados – em comemorações de aniversários e de datas como o Natal, por exemplo. Eu era convidado.

Não me lembro como começou, mas eu era estimulado a fazer algum discurso ou saudação, e era aplaudido. Em um dos almoços, fiz um discurso destacando a convivência e a reunião da família naquela data. Fui aplaudido, mas um deles me chamou de lado e disse: “Washington, gostamos muito de seu discurso, mas a data que estamos comemorando é o Natal e não o Carnaval” – eu tinha trocado as palavras! De qualquer forma, é desse tempo que criei o hábito de discursar nas reuniões de família, o que faço até depois de velho.

De vez em quando, no sobrado, faziam uma festa dançante. O motivo devia ser uma comemoração maior de algum aniversário. Eram festas realizadas no fim de semana, no final da tarde, tipo coquetel (naquele tempo era “cocktail”). Caprichadas, com bebidas, salgadinhos e dança. Abria-se o salão, devidamente preparado e engalanado. A música era proporcionada por uma vitrola (toca-discos) com músicas selecionadas.

Participavam todos da família que estivessem em São Paulo, mais outros parentes e amigos. Por exemplo, primos do lado de D. Izaura, algum dos irmãos de Narciso (marido de D. Helena) e de Seu Chico (marido de D. Cida), amigos do pessoal da casa; além de mim, lembro-me de uma festa em que convidaram meus pais.

Os comes e bebes eram generosos, com bebidas finas (destilados, vinhos e cerveja). Lembro-me que, já em meus 18 anos, lá me foi apresentado o whisky escocês (“Cavalo Branco” era o mais famoso), tomado com guaraná; não gostei muito da mistura, preferi continuar com vermute, um bom vinho espanhol ou mesmo com cerveja (de preferência a Munchen Extra, da Antártica).

No baile, as músicas eram variadas: tocavam boleros, “foxes”, sambas, marchinhas, até valsas. Destacavam-se alguns pares, que dançavam bem; em particular, o Gentil e a Fernanda com seu show  de tango. Estes eram muito aplaudidos. A festa era animada com algumas sessões em que eram formados pares com o que chamavam “cotillon”. Essa formação era feita mediante combinação por sorteio de nomes de amantes famosos da história e da ficção. Preparavam papeizinhos dobrados com nomes de homens como Romeu, Sansão, Adão, Hamlet, Tristão etc. e colocavam em um chapéu; em outro, papéis com as amadas correspondentes: Julieta, Dalila, Eva, Ofélia, Isolda etc. Os convidados e convidadas pegavam os papéis nos chapéus correspondentes e depois procuravam os respectivos pares para  a sessão especial de dança. Era divertido, porque os pares eram os mais variados. Os garotões, Sérgio e eu, participávamos. Comigo, houve uma coincidência curiosa: aconteceu, pelo menos duas vezes, ser sorteada como meu par a Antonieta, irmã mais nova do Seu Chico, moça bonita e simpática nos seus vinte e poucos anos, que comparecia às festas com o noivo, o Geraldo Hering, também jovem e bonitão. Eu ficava um pouco constrangido porque achava que ele podia não gostar de ver a noiva dançando com um garoto, mas eu não tinha jeito de mudar a regra do jogo.

As festas eram animadas e, pelo que me lembro, os participantes eram bem-comportados. Tenho na lembrança, apenas, um incidente curioso: a uma das festas compareceu um casal amigo – ele era brasileiro e ela, estrangeira (russa, segundo falaram). Esta, na animação da festa, se encantou com o Seu Chico – um dos mais sérios e tranquilos da turma – que ficou muito admirado. D. Cida tomou suas providências e não houve consequência.

Lúcio, marido de D. Glória, como bom descendente de italianos do sul, animava algumas das reuniões da família cantando músicas napolitanas. Conhecia bem as letras; não era um Pavarotti, mas era afinado; e fazia sucesso com “Torna a Surriento”, “O Sole Mio”, e outras canções.

As reuniões e festas do sobrado me proporcionaram a oportunidade de conhecer mais  pessoas da família de D. Izaura e da família do Narciso, os Braz.

Quanto à Antonieta e ao Hering, casaram-se em 1950, com festa na casa de Seu Chico e D. Cida, no bairro do Pacaembu.

Antonieta e Hering,  tempos depois, livres do "cotillon"

Anos depois, Leilah e eu, já casados, mantivemos longa amizade com o casal e seus filhos.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

A. A foto de Antonieta e Hering foi cedida pela prima Cristina, filha do casal.

B. Cara leitora ou prezado leitor: para ler quaisquer das oito primeiras crônicas da série, clique nos respectivos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovô Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

5) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 1

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/06/d-izaura-e-sua-gente-as-pessoas-1.html

6) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 2

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-apresentando-as.html

7) D. Izaura e sua gente – O baile do Odeon

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-o-baile-do-odeon.html

8) D. Izaura e sua gente – Lembranças do Gentil

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/08/d-izaura-e-sua-gente-lembrancas-do.html

***


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

21 km no Rio de Janeiro

 O site na Internet anunciava:

“No dia 17 de agosto, será realizada a Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro 2025. A 27ª edição do evento contará com três distâncias, de 21,097km (meia maratona), 10k e 5k. Com inscrições encerradas, a expectativa é que a prova reúna mais de 20 mil corredores.

A largada da meia maratona acontece no bairro do Leblon, no cruzamento da Avenida Delfim Moreira e a Rua Cupertino Durão. Já o início das corridas de 5k e 10k será realizado no Aterro do Flamengo

Durante o percurso, os corredores passarão por alguns dos principais pontos turísticos do Rio, como as praias de Ipanema, Arpoador, Copacabana, Botafogo e Flamengo.”

Meu filho Francisco e seu filho Bruno se inscreveram.


Admiro muito o hábito generalizado da geração dos meus filhos e dos meus netos de se exercitar (“malhar” e/ou correr) regularmente. Alguns, religiosamente, a ponto de sentirem a necessidade fisiológica dos exercícios – “o corpo pede”. Muito bom para eles e elas, pois aumentam a chance de uma longevidade confortável. Se muitos de meus contemporâneos, especialmente aqueles que tiveram atividades físicas (ginástica, corridas, futebol e outros esportes) estão chegando aos 90 anos, muitos da geração dos meus filhos chegarão bem aos 100 anos de idade. E a dos netos? Não faço ideia.

E, importante, esse fenômeno, é internacional.

Bruno, que completará 22 anos em setembro, está fazendo seu curso universitário na França. Sua preparação começou lá, antes de vir ao Rio, em julho, para as férias. Francisco, 60 anos em outubro, começou antes, pois sua preparação exige mais cuidados.

Na sexta-feira, 15, foram buscar o kit da corrida (camiseta, etc.) e, afinal, chegou o grande dia – domingo, 17, às dez para as sete da manhã, estavam a postos, no Leblon, para a partida.


Conforme anunciado, o percurso seria: Ipanema, Arpoador, Copacabana, Botafogo e Flamengo. E mais, daria uma volta final no Centro, com a chegada no aterro, junto ao monumento aos Pracinhas, combatentes da Força Expedicionária Brasileira, na segunda guerra mundial. 

O grupo da família, no WhatsApp, recebeu algumas ótimas fotografias dos dois corredores. Nas duas fotos seguintes, a passagem dos dois corredores por Ipanema:





A seguir, como descrição de sua corrida, nada melhor do que o texto que o Francisco escreveu e enviou ao grupo, após o comentário de seu irmão Cássio: "Lindas essas fotos. Que delícia correr pelo Rio de Janeiro todo assim!”

Francisco:

“Nem fala! Muita emoção… o cheiro da maresia matinal na Praia do Leblon me fez lembrar a nossa infância. Correndo pelo Leblon e Ipanema com as pessoas iniciando o seu domingo praiano.  Ao chegar em Copacabana sinto a mudança do visual da praia e das pessoas - a mistura do Domingo Praiano com o pessoal que varou a madrugada nos bares e inferninhos.   A foto na frente do lendário Copacabana Palace é clássica e remeteu-me a uma Copacabana de outros tempos.


Chegando na Princesa Isabel em direção ao Túnel deu uma embolada entre os corredores e as pessoas iniciando o seu domingo praiano e com os barraqueiros levando as suas mercadorias para a praia.  Passando os dois túneis assim com várias ultrapassagens e obstáculos a Enseada de Botafogo proporciona uma ideia de espaço mais aberto. O Cristo de um lado e o Pão de Açúcar do outro.


 A brisa não é a mais mesma e chegando ao quilometro 10 converso com o corpo e vejo que o “pace” está adequado.  Passo pelo Monumento dos Pracinhas e vejo a chegada do outro lado.  Sinto uma sensação de estar perto da chegada, converso com o meu corpo e aumento a passada. Passo pelo MAM,  Albamar e entro no túnel.


Uma descida que aproveito para continuar com a passada aberta.  Faz uma curva e volto na subida do túnel.  A subida faz o corpo dar o primeiro alerta que o quadríceps está sentindo o esforço no quilômetro 19.  Do túnel sigo em direção à rua paralela à Marechal com prédios antigos perto do Castelo.  Curva feita e volto para o Aterro para enfrentar mais uma subida e o quilômetro final. Nesse momento o público nos dois lados gritando, o quadríceps endurecendo e passo pelo quilômetro 20.  Nesse momento abro a passada e vou assim até o final. A multidão gritando, as pessoas felizes e vejo alguns corredores extenuados,  com dores e com bolhas.  Chego bem com o  fôlego em dia com aquela sensação que podia ter corrido mais rápido se não fosse a carcaça e as dores musculares recentes na lombar e na lateral do joelho. Eu faço um “cool down” e o quadríceps agradece.  O sol lindo com uma temperatura amena para o Carioca é para agradecer também. Dou uma alongada breve nele e verifico as batatas. Tudo certo. Vejo muitos turistas domésticos e internacionais. Desde há muito tempo, pessoas vêm de fora para correr aqui. Encontro o Bruno e a sua felicidade me emociona.  Pego a medalha.  Adoro desafios.  Gratidão por ter dado tudo certo. Aí foi o momento de comemorar com a Simone e o  Bruno.”

As fotos das chegadas ilustram muito bem a satisfação de ter vencido o desafio:


E a foto dos dois com as medalhas já é histórica para a família.


No final, a Simone, que acompanhou a corrida, foi encontrar o marido e o filho.


O evento, altamente emotivo para os três, com um reflexo de felicidade em toda a família, levou o pai e avô, nonagenário, orgulhoso, a fazer esta reportagem.

Washington Luiz Bastos Conceição



sexta-feira, 15 de agosto de 2025

D. Izaura e sua gente – Lembranças do Gentil

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a oitava crônica da série “D. Izaura e sua gente”. Prossigo com as histórias das pessoas do grupo.


Gentil, o quarto filho de Izaura (segundo homem), era, quando o conheci, solteiro e morava no sobrado. Seu nome todo era Gentil dos Passos Corrêa. Seu nome do meio mostra que D. Izaura era devota de Nosso Senhor dos Passos, além de Nossa Senhora Aparecida, mas ele não usava o “dos Passos”. Seu apelido, em família, era Neno. Repetindo o que escrevi em sua apresentação, era esportista, aparentava menos que seus 37 anos, trabalhava no Banco do Brasil e chegou a gerente de câmbio em São Paulo. Simpático, direto nos diálogos, assertivo, era muito amigo do Sérgio e seu guru para assuntos diversos. Era padrinho da Ciumara, irmã da Leilah.

Sua carreira no Banco do Brasil o levou, de início a trabalhar em Maceió, estado de Alagoas, onde, parece-me pelos comentários que fazia, passou um bom tempo. O que se contava na família era que ele teve uma noiva, naquela cidade, que veio a falecer antes do casamento. A moça se chamava Ciumara; daí, o nome da afilhada.

Gentil contava passagens de sua vida e episódios com conhecidos, fazendo comentários, transmitindo para nós, Sérgio e eu, sua experiência de vida, desde os tempos de Recife.

Sobre seu trabalho na sede do Banco do Brasil em São Paulo, falava pouco. Eram assuntos muito diferentes para nós, pois operações de banco e de câmbio não estavam nos nossos estudos. Porém, comentava passagens curiosas de colegas. Lembro-me de que ele nos contou que seu contínuo, auxiliar administrativo que o atendia, era muito esperto e insinuante junto aos clientes e aos colegas. O Gentil ficou sabendo que, quando um cliente tinha alguma dificuldade com os procedimentos no banco, ele oferecia ajuda na tramitação de documentos, dizendo: “Fale comigo, você não fala comigo..”. Certamente, esperava que essa ajuda lhe rendesse uns brindes.

O esporte que Gentil praticava era pelota de mão no  clube esportivo que frequentava. Levava com ele o Sérgio, nos fins de semana; inicialmente, ao Banespa, clube dos funcionários do Banco do Estado de São Paulo, depois ao Ipê Clube, ambos no caminho do bairro de Santo Amaro. Eu fui com eles algumas vezes, mas não jogava; era um jogo estranho para mim e eu constatei que não levava jeito. O Sérgio era o garoto da turma, composta de colegas da geração do Gentil. Algumas vezes, Sérgio e eu jogamos um futebolzinho no belo campo gramado do clube e participamos de festas juninas.


O jogo pelota de mão tem origem no País Basco. Da minha coleção de livros “O Mundo Pitoresco”, edição de 1945 (presente de meu pai) copiei uma foto antiga:

O jogo de pelota basca no frontão na cidade de Ondarroa, Espanha

A pelota basca é um esporte jogado com uma bola que é batida com a mão, uma raquete de madeira ou uma cesta, em uma quadra fechada (três paredes) ou um frontão (parede de fundo e lateral).

A turma do Gentil jogava pelota de mão, usando luvas especiais de couro. Se bem me lembro, a bola era de borracha maciça, um pouco menor do que a de tênis e ganhava grande velocidade quando golpeada. A quadra dos clubes era de três paredes, com as características do desenho abaixo:

Do site "Portal do Professor"

O interesse do Gentil por praticar pelota de mão proveio, certamente, do fato de ele ter assistido a partidas no Frontão Boa Vista, em São Paulo, construído na esquina da Rua Boa Vista com a ladeira de Porto Geral. O esporte era praticado por profissionais, mas foi proibido em todo o País na década de 1940, porque era um jogo de apostas e foi contaminado por irregularidades. Ele contava que os torcedores-apostadores percebiam anormalidades no comportamento dos jogadores e se manifestavam. E, mesmo quando o jogador se esforçava mas errava, também era devidamente “elogiado” com a expressão: “E queria, seu (palavrão)! ”.

O Gentil, segundo a Leilah, era o queridinho das irmãs. Pelo jeito, foi um jovem namorador, mas acabou se fixando na Fernanda. Os noivos, como já mencionei em crônica anterior, formavam um belo par e, juntos, dançavam tango muito bem, davam show nos bailinhos do sobrado. O noivado se estendeu bastante; D. Izaura, que, embora desse prioridade ao casamento das filhas, criticava: “Não se toma o tempo de uma moça”, dizia.

Gentil e Fernanda se casaram no início da década de 1950, pela manhã, na Basílica de Aparecida do Norte, Estado de São Paulo. A família e amigos os acompanharam e, a seguir, foi oferecido um almoço no Clube dos 500, em Guaratinguetá. Foi um belo evento da família, do qual também participei.

Abaixo, uma foto de um grupo de convidados com os noivos.

No grupo, foram identificados: na frente, a partir da esquerda: Armando com a filha Sandra; o padrinho  e a madrinha do noivo; os noivos; a irmã da Fernanda, seu marido e seu filho; atrás destes, o Sr. Júlio, pai da noiva; no topo da escada, os jovens Sérgio e Washington; abaixo do Sérgio, seus pais: D. Yolanda (encoberta) e o Dr. Lauro; à direita destes, D. Luísa, mãe da noiva.

Os noivos foram em lua de mel, de navio, para Buenos Aires e, certamente, deram show de tango lá também...

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

A. Para informações sobre a pelota basca, recorri, além da Wikipedia, ao ChatGPT e aos sites:

“Almanaque da Cultura Corporal – Pelota Basca” cujo link é:

https://www.almanaquedaculturacorporal.com.br/post/pelota-basca-jogo-de-pelota

 e “Portal do Professor”, cujo link é:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=24042

B. Do Google: "Nosso Senhor dos Passos" é uma invocação de Jesus Cristo na Igreja Católica que se refere à sua paixão e morte, especialmente ao caminho que ele percorreu do Pretório (onde foi condenado) ao Calvário (onde foi crucificado). É uma devoção popular que inclui procissões e meditações sobre a Via Sacra."

C. Cara leitora ou prezado leitor:

Para ler quaisquer das sete primeiras crônicas da série, clique nos respectivos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovô Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

5) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 1

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/06/d-izaura-e-sua-gente-as-pessoas-1.html

6) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 2

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-apresentando-as.html

7) D. Izaura e sua gente – O baile do Odeon

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-o-baile-do-odeon.html

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quinta-feira, 31 de julho de 2025

D. Izaura e sua gente – O baile do Odeon

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a sétima crônica da série “D. Izaura e sua gente”. Após a apresentação dos adultos em crônicas anteriores, sigo, conforme prometi, com as histórias da família. Começo com um pequeno causo do pessoal do sobrado, que me contaram. Ocorrido antes de eu conhecer a família, achei que é bastante ilustrativo do relacionamento do grupo e dos costumes da época.


Não tenho a informação do ano exato em que ocorreu o que me contaram. Entendi que foi na década de 1940, após o final da segunda guerra mundial. Pela minha análise, muito provavelmente, em 1946.

Naquele tempo, os moradores de São Paulo, capital, tinham como passeio de fim de semana e dias de férias, além das praias da baixada santista, as cidades do interior, especialmente as estações de água, como Poços de Caldas, em Minas Gerais; Águas de São Pedro, Águas da Prata, Águas de Lindoia e Serra Negra, no estado de São Paulo.

D. Izaura gostava de passar uns dias em estações de água. Naquele ano, resolveu aproveitar os feriados de Carnaval em Águas de Lindoia, levando as filhas e as crianças que moravam no sobrado.

Águas de Lindoia, distante de São Paulo 160 km por rodovia, já era, naqueles anos, uma estância hidromineral bastante conhecida e recomendada pelos médicos. Era bastante frequentada por turistas, principalmente de São Paulo e estados vizinhos, pois oferecia a acomodação em bons hotéis.

Os rapazes não podiam acompanhá-las, por terem compromisso de trabalho. Na Pauliceia, o sábado de manhã e a segunda-feira de carnaval não eram feriados, havia expediente.

Tudo resolvido, preparativos feitos, malas arrumadas, orientação dada às empregadas para a operação doméstica no sobrado, D. Izaura e companhia partiram para passar o carnaval em Águas de Lindoia. 

Durante a semana, havia surgido a ideia, entre os rapazes, de aproveitar a folga matrimonial para se divertirem um pouco, durante o reinado de Momo.


Até então, as atividades de carnaval em São Paulo incluíam desfiles de escolas de samba, modestas em comparação com as atuais, e blocos e cordões nos bairros (um deles desfilava na rua Galvão Bueno). Havia um famoso corso (cortejo de automóveis) que, antes da guerra, era realizado na Avenida São João (assisti, quando menino morando na Pensão Brasil, a alguns corsos, extremamente animados); durante a guerra, com a falta de gasolina, o corso carnavalesco foi suspenso; depois da guerra, passou a ser realizado na Avenida Brasil. Nos salões de clubes, hotéis e, até, cinemas, aconteciam os bailes, animadíssimos, com orquestras tocando as marchinhas e sambas do ano e, principalmente, as músicas de maior sucesso de carnavais anteriores, que todos os participantes conheciam e cantavam.


Quanto  aos rapazes, depois de algumas conversas, três deles decidiram ir ao baile do Cine Odeon, um dos bailes de elite da cidade.

Posso imaginar o diálogo:

O primeiro: “O que vocês acham de aproveitarmos para nos divertir um pouco enquanto elas estão fora?”

O segundo: “Nos divertirmos como?”

O terceiro: “É. O que poderia ser?“

O primeiro: “Andei pensando e me informando: o baile do Odeon no domingo deve ser bem frequentado, animado, boa orquestra. Não é barato, mas dá para enfrentarmos.”

O terceiro: “Não sei não...”

O primeiro: “Não vamos fazer nada de mais. Vamos cantar, dançar, pular um pouco, beber um pouco, tudo com moderação, e voltamos para casa.”

O terceiro: “Se elas descobrirem, estamos roubados.”

O segundo: “Bem, poderíamos telefonar de casa antes de sairmos, dar uma de bem-comportados e dizer que vamos chamar outra vez no dia seguinte. Com a dificuldade das chamadas interurbanas, não vão chamar de volta.”

O terceiro: “E o fulano, que não está aqui agora?”

O primeiro: “Ele não vai topar, tem programa com a namorada, mas não vai contar nada para elas.”.


O Cine Teatro Odeon, construído à Rua da Consolação número 40, foi inaugurado em 11/10/1928. Inicialmente com duas salas, a Vermelha e a Azul, às quais se acrescentou a Sala Verde, em 1930. Em 1939, as capacidades respectivas eram: 2.510, 2.020 e 1.675 espectadores (total: 6.205!) . Além de sua atividade de cinema propriamente dita, o Odeon, assim como outros cinemas da mesma época, era adaptado para bailes carnavalescos.

Pesquisando no Google, encontrei a foto abaixo:


Tendo decidido ir ao baile, passaram aos preparativos. Resolveram usar uma fantasia simples de malandro (camisa listada e calça branca, provavelmente acompanhada de um chapeuzinho estiloso e uma pequena máscara, tipo El Zorro) e combinaram a compra de ingressos e dos suprimentos (lança-perfume, serpentina, confete).

E passaram a aguardar o grande dia.

Quiseram os deuses, porém, que eles tivessem uma grande surpresa: D. Izaura e filhas voltaram a São Paulo, antecipadamente, no dia do baile! A volta estava marcada para a terça-feira gorda, mas imprevistos acontecem: em Lindoia, D. Izaura foi picada na mão por um inseto, o que causou uma forte inflamação, de forma que resolveram  antecipar a volta.

Ipso fato, o programa carnavalesco dos rapazes foi abortado. Eles foram surpreendidos “com a boca na botija”, como se dizia antigamente.

Agora, caro leitor ou prezada leitora, vou lhe ficar devendo contar como eles fizeram para ocultar os rastros da programação, que histórias terão inventado no caso de elas desconfiarem de algo, pois não me contaram os detalhes do reencontro. Temos de fazer nossas suposições.

Como não houve desquite de casal, entendo que, se algo foi descoberto, possíveis punições para os rapazes devem ter sido leves. Pois, afinal de contas, embora tivessem planejado a escapada, eles não chegaram a cometer delito algum...

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

1. Cara leitora ou prezado leitor:

Para ler quaisquer das seis primeiras crônicas da série, clique nos respectivos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovô Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

5) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 1

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/06/d-izaura-e-sua-gente-as-pessoas-1.html

6) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 2

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/07/d-izaura-e-sua-gente-apresentando-as.html

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sexta-feira, 11 de julho de 2025

D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas - 2

 Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a sexta crônica da série “D. Izaura e sua gente”, na qual continuo a contar como conheci e me relacionei com as pessoas da família dela. Como nas outras crônicas, escrevo com base nas lembranças que tenho delas, com o melhor esforço de memória e recorrendo aos meus caros colaboradores.

Repetindo a introdução da crônica anterior:

"Lembrando: corria o ano de 1948.

Não posso me lembrar, claro, de como fui apresentado a cada um dos membros da família, mas certamente eu os conheci primeiro na hora do almoço, nas tardes em que ia estudar com o Sérgio na casa deles. D. Izaura, Seu Corrêa (o vô Juca), D. Yolanda, mãe do Sérgio, D. Glória e o Doutor foram, certamente, as primeiras pessoas. Outros, que tinham expediente a partir do meio-dia, almoçavam mais cedo, como D. Olga, por exemplo, conheci quando passei a ficar até mais tarde e, na época de provas, até dormia lá.

Como lembrete, insiro abaixo o quadro dos filhos e cônjuges de D. Izaura e o Vô Juca."



Glória e Lúcio

Na primeira crônica da série, mencionei o casal:

O casal Glória e Annunziato Maesano (o Lúcio) morava a uns duzentos metros da casa, mas ela passava lá o dia todo, todos os  dias, pois era a responsável pela cozinha; o que não era pouca coisa, porque todos almoçavam e jantavam na casa. Embora os outros trabalhassem fora de casa, o intervalo de duas horas para almoço permitia esse hábito.

D. Glória, uma senhora perto dos quarenta anos, pele morena clara, cabelos escuros, cerca de 1,60m de altura, era a gordinha da família. Alegre, bem-humorada, era a mestre cuca da casa, acumulando a prática na cozinha brasileira com o conhecimento de pratos e aperitivos italianos que aprendeu para atender o marido. Tinha orgulho de suas habilidades. Era muito querida.

Lúcio, o baixinho, tinha pouco mais que a altura da esposa e parecia ter a mesma idade. Descendente de imigrantes, sua aparência era mesmo de um italiano do sul da Itália, de onde era sua família: pele morena clara, cabelo escuro liso, bigodinho, bem-vestido. Muito simpático, era um humorista nato, contava histórias e fazia comentários com irônica comicidade. De origem modesta, trabalhou desde a juventude, mas conseguiu estudar e, quando o conheci, era sócio de uma casa lotérica no centro da cidade.

Não tinham filhos. Moravam num pequeno sobrado de uma vila próxima, que ficava entre as ruas Taguá e Fagundes; esta, travessa da Galvão Bueno.


Gentil e Fernanda

O Gentil (o apelido era Neno), solteiro, morava no sobrado. Era relativamente alto, cerca de 1,75m, magro, pele morena clara, cabelo e bigode escuros. Esportista, aparentava menos que seus 37 anos. Trabalhava no Banco do Brasil, chegou a gerente de câmbio em São Paulo. Simpático, direto nos diálogos, era muito amigo do Sérgio e seu guru para assuntos diversos. Praticava no clube um jogo que eu desconhecia, o “pelota de mão”, e acabou levando o sobrinho a jogar com ele nos domingos de manhã – um garoto entre veteranos. Depois de algum tempo, cheguei a acompanhá-los ao clube algumas vezes; eu assistia ao jogo deles e, se houvesse oportunidade, jogávamos um pouco de futebol.

Era noivo de Fernanda, uma moça elegante e bonita, descendente de espanhóis. Morava com os pais em um apartamento na Avenida São João, à altura do bairro de Santa Cecília. Visitava com frequência os Corrêa, tinha bom relacionamento com a família. Nas festas do sobrado, o casal dava “show” dançando tango. Casaram-se alguns anos depois, na Basílica de Nossa Senhora Apparecida.

O que achei notável no Gentil foi sua assertividade e suas observações sobre vários assuntos. Até hoje me lembro de uma delas, muito aplicável nos dias de hoje, e que costumo repetir: “Enquanto nos dedicamos ao trabalho e à família, há pessoas pensando, o tempo todo, em tirar proveito de nós, em nos dar um golpe.”

Abaixo, foto de cerca de 16 anos depois, para mostrar o Gentil, que está em companhia de D. Izaura, o Doutor e Lígia, bisneta (neta de Helena).




Apparecida e Francisco

D. Cida e Seu Chico (Francisco Mellone), pais da Leilah, já foram apresentados por ela em crônica anterior. Em 1948, não moravam na Galvão Bueno, moravam na Villa Pompeia.

Eu os conheci um sábado à tarde, quando, ao sairmos, Sérgio e eu, da ACM (Associação Cristã de Moços), após nossa sessão de ginástica, o casal e as filhas foram buscá-lo de automóvel. Apresentado a eles naquele dia, passei a encontrá-los no sobrado quando visitavam a família. Minha primeira visita aos Mellone na Vila Pompeia foi na comemoração de 5 anos da Ciumara, irmã da Leilah.

D. Cida era uma tia muito querida do Sérgio (aliás de toda a família). Além da dedicação ao marido e às filhas, era muito eficaz nas tarefas domésticas, gerenciando muito bem a empregada. E ainda dava aulas de piano em casa. Aprendeu a cozinhar após o casamento, tanto os pratos tradicionais brasileiros quanto vários da cozinha italiana, orientada pelo marido, que era filho de italianos.

Seu Chico era simpático, comunicativo e, como empresário, se destacava pelo conhecimento e experiência, conseguidos com muito trabalho e leitura específica, após sua base de estudo de desenho industrial. Era o tio conselheiro do Sérgio em assuntos de estudo e trabalho. Por exemplo, ensinou o Sérgio a usar a régua de cálculo quando ainda estávamos no colégio, o que, naquele tempo, se aprendia na escola de engenharia. Com o passar dos anos e, mais tarde, como meu sogro, tornou-se meu conselheiro também.


 Helena e Narciso

D. Helena, morena, cerca de 1,60 de altura, olhos escuros, cabelos castanhos, era alegre, simpática, comunicativa, no que acompanhava o marido. Tinha algo de árabe na sua aparência. Narciso Nathaniel Braz era alto, cerca de 1,80m, forte, expansivo, bem-humorado. De pele clara, tinha, estranhamente, o apelido de Tio Negro. Era gerente de agência do Banco do Estado de São Paulo no interior e, por essa razão, a família estava morando em Mirassol. Marilena, filha única do casal, tinha 9 anos quando os conheci, em viagem de férias a São Paulo.

Narciso, meu conterrâneo do estado do Paraná, era de uma família de bairro próximo à Galvão Bueno, uma irmandade de rapazes e moças que fizeram amizade com os irmãos Corrêa. Era esportista, jogava futebol de salão de veteranos no interior. Com o tempo, ficamos amigos e Helena e Narciso foram meus padrinhos de casamento. Abaixo, foto de dezembro de 1959.



 Olga e Vianna 

D. Olga, esposa do Dr. Augusto Vianna e mãe do Tonico, era uma senhora jovem, no início dos trinta anos, muito bonita, elegante, ativa e simpática. Tinha pele clara, cabelos escuros, olhos ligeiramente amendoados como os de seu pai (eram verdes, segundo meus colaboradores). Trabalhava como secretária do Diretor da Imprensa Oficial do Estado.

O Vianna, como era chamado em casa, aos 41 anos, era magro, cerca de 1,70m de altura, pele clara e cabelos grisalhos; usava bigode. Advogado, era circunspecto, educado, conversava comigo e o Sérgio sobre vários assuntos. Conhecia xadrez e, às vezes, acompanhava nosso jogo. O Sérgio já sabia jogar um pouco, tinha um livro com instruções, mas eu apenas sabia mover as pedras. Uma ocasião, um colega nosso do colégio, que estava tratando de inscrever participantes em um torneio aberto de xadrez promovido pelo jornal “A Gazeta”, nos convenceu a participar. Inscrevemo-nos. Quando o Vianna soube disso, ficou escandalizado: “Vocês vão passar vergonha”, disse ele, e nos convenceu a não comparecer ao torneio – nossos adversários ganharam por WO.

Casamento Olga e Vianna


Armando e Terezinha

Armando, o filho caçula, tinha 28 anos quando o conheci. O mais moreno dos irmãos, era magro, tinha cerca de 1,70 de altura, cabelo preto liso, bigode. Era comunicativo, bem-humorado. Era casado com Terezinha, moça de família italiana, de olhos e cabelos claros. Ela não ia ao sobrado com frequência, de modo que não me lembro de ter conversado com ela. Tinham dois filhos pequenos, a Sandra, mais moça que a Ciumara, e o Ricardo, ainda bebê.

Armando trabalhava numa empresa, como operador das então chamadas máquinas de contabilidade, precursora dos equipamentos de processamento de dados. Tínhamos em comum o fato de ambos torcermos pelo Corinthians, clube de futebol de São Paulo. Ele era o único corinthiano da família.

Armando, D. Izaura e Fernanda


Apresentados os personagens, passarei às suas histórias.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

1. Não temos fotos de todas as pessoas e temos tido de usar fotos de anos mais recentes. Algumas pessoas já apresentadas sem fotos deverão aparecer em grupos nas próximas crônicas.

2. Cara leitora ou prezado leitor:

Para ler as cinco primeiras crônicas da série, clique nos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovò Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

5) D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas – 1

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/06/d-izaura-e-sua-gente-as-pessoas-1.html

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domingo, 29 de junho de 2025

D. Izaura e sua gente – Apresentando as pessoas - 1

Cara leitora ou prezado leitor:

Esta é a quinta crônica da série “D. Izaura e sua gente”, na qual começo a contar como conheci e me relacionei com as pessoas da família dela. Como nas outras crônicas, escrevo com base nas lembranças que tenho delas, com o melhor esforço de memória e recorrendo aos meus caros colaboradores.


Lembrando: corria o ano de 1948.

Não posso me lembrar, claro, de como fui apresentado a cada um dos membros da família, mas certamente eu os conheci primeiro na hora do almoço, nas tardes em que ia estudar com o Sérgio na casa deles. D. Izaura, Seu Corrêa (o vô Juca), D. Yolanda, mãe do Sérgio, D. Glória e o Doutor foram, certamente, as primeiras pessoas. Outros, que tinham expediente a partir do meio-dia, almoçavam mais cedo, como D. Olga, por exemplo, conheci quando passei a ficar até mais tarde e, na época de provas, até dormia lá.

Como lembrete, insiro abaixo o quadro dos filhos e cônjuges de D. Izaura e o Vô Juca.



O Doutor e Nazaré

O Doutor Zeca vinha de seu trabalho da manhã na diretoria do Hospital da Cruz Vermelha,  para almoçar e fazer uma injeção em sua mãe; entendi que era diária, mas nunca perguntei qual o tratamento, apenas fiquei sabendo, mais tarde, que ela tinha extraído um dos rins. Filho mais velho de D. Izaura, estava em forma aos 46 anos. De altura média, talvez um metro e setenta, pele e cabelos claros, era discreto, bem-humorado e respeitado pelos irmãos e cunhados. Quando ele se despedia depois do almoço, costumava dizer: “Vocês já ganharam a vida, mas eu tenho, ainda, de trabalhar”.

 

O doutor, no descanso do fim de semana

Ainda solteiro, morava no sobrado, dividindo um quarto bem espaçoso com o irmão Gentil. Tinha certas regalias: seu escritório, onde o Sérgio e eu estudávamos, era amplo e mobiliado com uma grande escrivaninha, estantes com seus livros, poltronas e um sofá. Na geladeira, de uso comunitário, que eu conheci apenas ao buscar água, o Sérgio me explicou que a garrafa de leite tipo A (o especial daquele tempo) era “o leite do Doutor”. No fim do dia, guardava o automóvel no corredor externo da casa.

Era noivo da Nazaré (nestes dias, fiquei sabendo que seu nome de solteira era Purcina Nazareth Ferreira Alves), com quem viria a se casar no ano seguinte (1949). Ela era uma moça educada, professora aposentada, de família de fazendeiros de Itapira, cidade do interior do estado de São Paulo, próxima à capital, Era mais moça que o Doutor. Elegante, cerca de 1,60 de altura (mais salto alto), de pele clara e cabelos escuros; moderadamente expansiva, formava um par simpático com o “José Maurício”, como costumava chamar o Doutor. Eu a conheci nas visitas e festinhas da família que faziam no sobrado; ao dançar o casal fazia um belo par.

Quando se casaram, moraram algum tempo no sobrado, enquanto estava sendo finalizada a construção de sua casa na Rua Bento de Andrade, próxima ao Parque Ibirapuera. Ocuparam o grande quarto da frente. O quarto do Gentil passou a ser a antiga sala extra de refeições e o Sérgio foi fazer companhia ao tio, descendo do pequeno quarto que tinha em cima (este passou a ser usado por mim, quando precisava dormir lá).

Nazaré era nova personagem na casa de Izaura e foi  tudo bem.


 D. Yolanda e Dr. Lauro

D. Yolanda, mãe do Sérgio, era professora, dava aulas no Grupo Escolar Campos Salles, cujo prédio ficava no mesmo terreno do prédio do Colégio Presidente Roosevelt, onde Sérgio e eu estudávamos, à rua Conde de São Joaquim. O Grupo, na frente do terreno e o Colégio, nos fundos. Tenho lembrança de tê-la encontrado a primeira vez na entrada do Grupo Escolar. Atenciosa, simpática, tinha pele, olhos e cabelos claros, cerca de 1,60 de altura, nem gorda nem magra. Chegando aos 40 anos, era a mais velha das irmãs.

Aparentemente, como trabalhava fora, suas tarefas domésticas se limitavam aos seus aposentos. Uma tarde por semana frequentava uma roda de pif-paf, carteado muito popular naquele tempo, na casa de uma amiga. Alguns sábados, como a amizade se estendia aos casais, acompanhava o marido à roda que incluía os homens.

Foi uma das pessoas mais “cucas frescas” que conheci na vida. Seu relacionamento com seu marido, era normal, ambos dedicados ao filho único. Certamente orientou o menino durante seu curso primário, cabendo ao pai o apoio aos estudos mais avançados do rapaz.

Dr. Lauro Bastos, marido de D. Yolanda e pai do Sérgio, não era parente de meu pai; sua família era do interior de São Paulo e minha avó paterna, Balbina Bastos Conceição, era de Paranaguá, no Paraná. Dr. Lauro era alto, cerca de 1,75m, forte, pele clara, cabelo grisalho, liso; jeito expansivo, mostrava forte personalidade. Gentil e amistoso, sempre me tratou muito bem. Depois da algum tempo, percebendo que Sérgio e eu evoluímos de colegas para uma grande amizade, parece-me que viu em mim um irmão postiço do filho que ele adorava. Advogado, usava um Português perfeito, tinha um vocabulário rico, que incluía palavras “difíceis” que eu desconhecia (lembro-me de “prolegômenos” por exemplo). Transmitiu esse refinamento ao Sérgio. Diferente dos brasileiros de sua geração, cujo conhecimento de língua estrangeira era o Francês, conhecia Inglês. Lembro de que, observando uma conversa que eu estava tendo com o Armando (seu cunhado), comentou com o Sérgio: “He speakes well!”.

O casamento de Yolanda e Lauro

Um dia, depois de meses de minha entrada na casa, vi na parede do quarto do Dr. Lauro um quadro de fotografias de sua formatura – era igual àquele que meu pai tinha em casa. Lá estavam as fotos de Lauro Bastos e Osmar Bastos Conceição. Eles foram colegas de turma na Faculdade de Direito! Comentei com meu pai, que me disse que, sendo uma turma grande, eles se conheciam só de vista; ambos mais velhos que os colegas em geral, casados, pais de família, já trabalhavam – meu pai no IAPI e Dr. Lauro no Banco do Brasil. Não tinham tempo de socializar com os colegas.

Ao longo de minha convivência com a família, guardo do Dr. Lauro a lembrança de sua extraordinária generosidade no trato com as pessoas em geral.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

A. Naquele tempo, o Hospital da Cruz Vermelha era pediátrico, tendo sido fundado em 1917. 

B. O primo Antônio Augusto, Tonico naqueles anos, fez um comentário:  "Apenas quero acrescentar que meu padrinho Lauro era dono de grande e valiosa biblioteca que ocupava as paredes do quarto da frente no andar térreo.  Como sempre gostei de ler, ele me recomendava as obras que seriam de maior utilidade em minha formação."

C. IAPI era o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários

D. Cara leitora ou prezado leitor:

Para ler as quatro primeiras crônicas da série, clique nos links abaixo:

1) D. Izaura e sua gente – Introdução

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/02/d-izaura-e-sua-gente-introducao.html

2) D. Izaura e sua gente – A casa e os moradores

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/03/d-izaura-e-sua-gente-casa-e-os-moradores.html

3) D. Izaura e sua gente – Leilah na Galvão Bueno

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/04/d-izaura-e-sua-gente-leilah-na-galvao.html  

4) D. Izaura e sua gente – Vovò Juca

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2025/05/d-izaura-e-sua-gente-vovo-juca.html

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