sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Carta aos Leitores

É lugar-comum a queixa de que o tempo está passando muito depressa. Até alguns anos atrás eu achava que esse comentário era coisa de idoso, de quem não tinha muito assunto para conversar, mas agora me parece que todos se admiram com a velocidade com que avança o calendário.
Incluo-me no “todos” e tenho como um dos principais indicadores a rapidez com que acaba a caixa dos comprimidos que tomo diariamente para controlar a pressão. Tenho de prestar atenção para não ficar sem o remédio, com o qual não posso falhar.

Pois é, meus caros leitores, chegamos muito rapidamente ao final de 2016. Aqueles que me acompanharam mais de perto (alguns amigos, que não costumam enviar comentários dizem, quando me encontram, que leem todas as minhas crônicas do blog) devem ter notado que este ano escrevi menos.
Como escritor independente e “blogueiro”, analisei minhas atividades deste ano e constatei que, por várias razões, fui menos produtivo em 2016 do que nos anos anteriores, desde que comecei a escrever. Uma dessas razões foi a dificuldade que tive de selecionar, para as crônicas, assuntos que pudessem interessar aos leitores, frente ao noticiário intenso - e renovado diariamente – das tristezas no País e no exterior. Como permaneço fiel à prática de evitar polêmicas com amigos que tenham ideias políticas opostas às minhas, essa dificuldade foi muito grande. Outra razão é não ter planejado, ainda, após a publicação do “A Califórnia e Nós”, um novo livro.

Quanto aos livros, apresento um resumo do que fiz este ano:
Primeiro, publiquei uma edição ampliada do “Para você se animar a escrever seu livro”, na qual acrescento à primeira edição o relato de minha experiência em publicar e-books, livros impressos fornecidos “on demand” (sob encomenda) e crônicas em meu blog.
Depois, considerando que os livros impressos em cores ficam muito caros, decidi publicá-los com as ilustrações em branco e preto. Iniciei com o “Nós e a Califórnia”, versão em branco e preto do “A Califórnia e Nós”. Com os e-books não tenho essa necessidade.
E mais, esgotada a primeira tiragem do “O Histórias do Terceiro Tempo”, meu primeiro livro, publiquei nova edição impressa (“on demand”).
Finalmente, participei, como um dos autores, da antologia “Mais do que Palavras”, publicada em dezembro pela Editora Scortecci (esta edita, imprime e comercializa livros em pequenas tiragens). É uma experiência interessante ver-se acompanhado por escritores de formação e interesses variados. Minha contribuição foi o conto “O Irmão do Vitório”, publicado anteriormente no e-book “Três Contos”.

Quanto a meus planos para 2017:
1)  continuarei com as crônicas, prometendo procurar mais assuntos que possam interessar aos meus magnânimos leitores.
2)  trabalharei para escrever um novo livro, que conterá histórias reais, as quais, em grande parte, poderiam ser ficção.

A você, prezada leitora ou caro leitor, que me honra com suas visitas ao blog e com seus comentários, reitero meus votos de um Feliz Ano Novo.

Washington Luiz Bastos Conceição


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

O que é que há?

Nestes tempos em que a comunicação, escrita e falada, vem se tornando cada vez mais intensa, a importância dos idiomas é cada vez maior. No Brasil, como estamos usando nosso idioma?
De uma forma geral, para escrever, usamos o Português procurando seguir as regras gramaticais e ortográficas.
Para falar usamos o Português coloquial, ou seja, procuramos falar o mais corretamente possível, mas, por hábito, empregamos expressões que, embora incorretas, são de uso geral e corrente. Por exemplo, no dia a dia, empregamos: o verbo “ter” em vez de “haver” (“Tem louça na máquina?); não respeitamos concordâncias (“Você veio no teu carro?”); e muitos ainda cometem erros daqueles bem conhecidos (“haverão” no sentido de existirão, “fui na casa dele”, e outros). Usamos esse mesmo Português coloquial ao trocarmos mensagens por telefone celular, “tablet”, ou computador, recorrendo intensamente a abreviações.
Há, ainda, aquelas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar, muitas analfabetas ou quase, que erram muito ao falar, ofendendo grosseiramente a gramática elementar e, faltando-lhes vocabulário, recorrem à gíria (sempre renovada) e ao jargão de suas atividades específicas.
Meus parentes e amigos, bem como os meus outros leitores mais antigos, já sabem de minha preocupação com o Português. Hoje, volto com mais considerações sobre o assunto porque, mesmo aturdido pelo horrível noticiário da televisão nestes dias tão agitados, não consigo deixar de reparar em algumas impropriedades na linguagem utilizada repetidamente pelos repórteres e comentaristas, jornalistas competentes em seu trabalho, que se expressam muito bem e têm bom vocabulário. Penso, então, que estamos em crise também no uso do Português.

Sou do tempo em que se estudava Latim no Ginásio (curso secundário correspondente ao atual segundo ciclo do ensino fundamental), que cursávamos dos 11 aos 14 anos. O Latim era ensinado, diziam, porque, sendo o idioma de que se originou o Português, servia de base para o aprendizado deste. Mais para diante, na Universidade, era aplicado principalmente em Direito. Aprendi que em Roma os nobres usavam o Latim Clássico e a plebe o Latim Vulgar e, agora, concluí “brilhantemente” que vivemos uma situação parecida, porém em três níveis.
Resolvi pesquisar um pouco e encontrei um trabalho muito interessante que me trouxe esclarecimentos e, em meio a uma extensa matéria, mostrou que nossa situação é muito semelhante à dos romanos.
Nesse trabalho, de Maria Cristina Martins, a autora apresenta uma síntese da história da língua latina, e faz considerações sobre o Latim Clássico, o Latim Culto Falado e o Latim Vulgar, assim definidos por ela:
“O Latim Clássico era a norma literária, altamente estilizada, usada no período que vai de 81 A.C. a 14 D.C. ... O Latim Culto Falado era o “sermo (linguagem) urbanus”, a língua falada pelas classes altas de Roma ... O Latim Vulgar era o latim essencialmente falado pela grande massa popular menos favorecida do Império Romano, quase que inteiramente analfabeta.”
Mais adiante, ela faz a comparação que eu estava buscando:
“Para tornar a comparação entre o latim vulgar e o latim culto – ou até mesmo o literário – mais próxima à nossa realidade, podemos pensar no Português falado pelas populações de um âmbito social limitado do ponto de vista de escolarização... A mesma impressão que temos ao ouvir um Português cheio de “erros” em comparação com a norma culta, teria um romano escolarizado ouvindo o latim vulgar, acostumado a uma língua ricamente flexionada e elegante.”

Vesti a carapuça. Reconheço, aqui, que estou fazendo o papel do brasileiro escolarizado, com a melhor das intenções, altamente preocupado com os comunicadores que falam em público, especialmente na televisão, que poderiam cuidar de passar um “sermo urbanus” de melhor qualidade ao espectador. Na televisão, já corrigiram o “Boa noite a todos que estão nos assistindo!”, passando simplesmente a dizer “Boa noite a todos!”, mas, por exemplo, poderiam passar a usar: “O que está acontecendo?” em vez de “O que é que está acontecendo?”; “onde está” em vez de “aonde está”; “quando se tornou” em vez de “quando tornou-se”; “prefiro este àquele” em vez de “prefiro este do que aquele”.
Destaco aqui a televisão porque, além de realizar papel importantíssimo na unificação do uso do idioma em todo o País, poderá contribuir mais para o aprimoramento desse uso, independentemente de programas educacionais específicos.

O caro leitor ou a prezada leitora poderá reclamar: “Washington, não dá para falar tudo certinho o tempo todo, ficaria até chato!” Concordo, devemos nos esforçar para falar melhor usando o bom senso, ou seja, comunicando-nos da forma mais apropriada a cada ambiente e situação. Por exemplo, “O que é que há?” é perfeitamente adequado a uma comunicação informal. D. Ivone Lara usou essa expressão muito bem e podemos cantar com ela: “Foram me chamar, eu estou aqui, o que é que há...”.
Ou seja, tudo tem seu lugar e sua hora.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

1) O trabalho de Maria Cristina Martins (UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul) tem por título: “A LÍNGUA LATINA: SUA ORIGEM, VARIEDADES E DESDOBRAMENTOS” e pode ser acessado pelo link:

2) Eu pretendia publicar esta crônica antes. Porém, os acontecimentos da última semana (tristeza pelo terrível acidente aéreo na Colômbia e indignação pelas manobras indecentes dos políticos) me fizeram adiar a publicação. A razão deste meu cuidado? Pareceu-me que o assunto desta não seria, então, oportuno. Hoje, contei com a magnanimidade de meus caros leitores e agradeço a você pela atenção.

sábado, 9 de julho de 2016

Notícias - Julho de 2016


Cara leitora ou prezado leitor:

Venho fazer alguns comentários sobre minhas publicações.

Este blog continua com uma visitação muito regular, que atribuo aos amigos e mais alguns curiosos. Os robôs se manifestam de vez em quando. Por exemplo, houve uma quantidade excepcional de acessos originados nos Estados Unidos no último dia 4, o “Independence Day” daquele país. E o blog continua registrando visitas de diversos países onde, que eu saiba, não tenho conhecidos.
Noto que meu habitual anúncio das publicações por e-mail e, agora, também pelo Facebook, está funcionando como lembrete aos amigos e provoca visitas imediatas.
Continuo satisfeito com esta minha atividade e com os “feedbacks” que recebo.
Obrigado.

·      Quanto à publicação de meus livros, tenho aumentado gradativamente sua lista. Este ano, lancei o “Uma vez por ano”, que reúne as crônicas publicadas no blog de agosto de 2014 a dezembro de 2015.
Neste mês, estou preparando uma edição ampliada do “Para você se animar a escrever seu livro” na qual acrescento ao texto da primeira edição a descrição de meu trabalho no blog e na publicação de e-books e de livros para a impressão por encomenda (“on demand”). Mantendo o objetivo descrito na primeira edição, incluo informações úteis aos leitores interessados em escrever e publicar seus escritos.

·     A amazon.com.br passou a oferecer livros impressos “on demand” ao mercado brasileiro. Com a alta da taxa do dólar, os livros resultam caros, particularmente aqueles com ilustrações coloridas (o meu “A Califórnia e Nós”, a cores, por exemplo, está anunciado com um preço desproporcionalmente elevado).
Como a impressão em pequena tiragem por gráficas locais também é cara e o investimento resulta em prejuízo para o autor independente, continuarei recorrendo à solução “on demand”, porém em preto e branco.
Informações sobre meus livros estão disponíveis na internet, principalmente mediante acesso aos sites amazon.com.br, amazon.com e vececom.com (link nesta página em "Livraria Virtual"). São eles:
“Histórias do Terceiro Tempo”
“Para você se animar e escrever seu livro”
“O Projeto 3.7 e Nós”
"The Project 3.7 and Us"
“Três Contos” (um pequeno livro, meu ensaio na ficção)
“A Califórnia e Nós”
“Crônicas Selecionadas 2012 – 2013”
“O Meia Lua” (crônicas de 2013 e 2014)
“Uma vez por ano” (crônicas de 2014 e 2015).

Reitero meus agradecimentos a você, por sua atenção.


Washington Luiz Bastos Conceição


terça-feira, 8 de março de 2016

Um dia inesquecível

O velho levantou cedo. Preocupado, não havia dormido direito, pois aquele dia seria muito especial. Sua mulher ia sofrer uma segunda cirurgia no mesmo quadril, uma substituição de prótese - operação dupla, portanto. Seria internada aquela manhã.
O velho tomou banho, barbeou-se, caprichou na aparência para não parecer abatido.
Como de habito, foi à cozinha preparar o café  da manhã. Pôs a água para ferver na chaleira - 500 ml; sobre  o bule, o filtro de papel em seu suporte. Tirou o pequeno pote de café do armário e deitou duas medidas do pó no filtro.
Quando a água entrou em ebulição, derramou-a no filtro. O cheiro  agradável do café ao receber a água se espalhou pela cozinha.
Fazia tudo automaticamente, por força do hábito (desde a cirurgia anterior, mais de dois anos atrás, ele assumira algumas tarefas na casa). Mas seu pensamento, vagando entre lembranças, se fixava no que iriam enfrentar naquele dia.
Deixou o café coando e foi à geladeira apanhar o mamão, a manteiga e o leite; no armário, pegou os talheres e pratos de sobremesa e arrumou a mesa. Só para um; hoje, tomaria o café sozinho, pois sua mulher tinha de se manter em jejum.
A seguir, foi ao quarto acordá-la, estava na hora de ela se levantar e se preparar para sair. Já  estava acordada e disse que estava bem.
O velho voltou à cozinha para terminar o café. Esquentou o leite na xicara usando o forno de micro-ondas e tostou os pães na sanduicheira. Levou tudo à mesa e tomou o café rapidamente, mas não se esqueceu do remédio para controle da pressão.

Durante todo o tempo pensava no que poderia acontecer naquele dia: a cirurgia deveria ser um sucesso, pois sua mulher, embora quase octogenária, era forte e saudável. Pela bateria de exames clínicos que fez para a avaliação do risco cirúrgico, estava bem, suportaria muito bem a  operação. Ela estava, porém, muito preocupada e queria deixar tudo organizado para o caso de vir a morrer. Nos dias que precederam a operação, explicou ao velho como fazia suas tarefas administrativas e financeiras da casa e da família, separou documentos, inclusive a escritura de autorização para sua cremação e fez recomendações diversas.
O velho não achou graça, não era hora de achar graça, mas manteve seu otimismo. Lembrou-se de um comentário de seu pai, feito havia muitos anos. Este lia, todo dia, o jornal todo, até os anúncios fúnebres, mesmo quando a classe dele ainda não estava sendo convocada para o descanso eterno (o Estadão dedicava uma folha inteira aos anúncios). Comentava que os homens, com exceções muito raras, faleciam antes das respectivas esposas, pois os anúncios, quando se referiam ás mulheres, diziam: “viúva do Sr. Fulano de Tal”; e, no caso do falecido ser homem, mencionava: “deixa viúva D. Beltrana”. O velho se lembrou dessa observação de seu pai, o que reforçou sua expectativa de que a operação seria um sucesso.

Ela se levantou, banhou-se, vestiu-se e ficou pronta para sair.
O velho se vestiu, pegou a pasta em que reunira, na véspera, todos os documentos e papéis necessários para a entrada no hospital e fez uma última verificação; pegou, também, a sacola com a roupa e os acessórios de que ela iria precisar no hospital.
Estavam ambos prontos, esperando a filha que iria buscá-los em seu automóvel. Esta chegou na hora combinada (eram seis da manhã) e os esperou embaixo, na garagem do prédio. A esposa, que caminhava com dificuldade, muniu-se da bengala; o casal saiu do apartamento, bateu a porta e tomou o elevador.
Deixar a casa foi um momento marcante para eles.
Chegando ao hospital, um dos recepcionistas foi buscar a paciente no automóvel com uma cadeira de rodas, a filha a ajudou a sair do carro e sentar-se na cadeira; o velho dirigiu-se à recepção do hospital para fazer o “checkin”. Como tudo tinha sido devidamente providenciado, com a necessária antecedência, não houve dificuldade e a paciente foi levada imediatamente para o quarto em que seria preparada para a cirurgia. Essa preparação, feita pelos profissionais de enfermagem, incluiu desde a troca de roupa até a colocação do dispositivo de acesso dos medicamentos líquidos em uma veia da mão. O velho e a filha permaneceram no quarto. A médica, clínica da paciente, que fizera todo o trabalho de avaliação do risco cirúrgico, visitou-a antes de se dirigir à seção de cirurgia, pois ela iria acompanhar todo o trabalho do cirurgião e seus assistentes.
Lá pelas dez horas, a médica anestesista, uma senhora de alto astral, que já havia feito no consultório uma avaliação da paciente e lhe deu as instruções específicas, iniciou o trabalho de preparação da cirurgia: procurando transmitir otimismo, animou a paciente e os acompanhantes, enquanto o sedativo preliminar era aplicado. Às onze, a paciente foi transferida, já sonolenta, da cama para a maca e retirada do quarto rumo à seção de cirurgia. O velho sentiu fortemente aquele momento emocionante de despedida, quando chamamos Deus para nos proteger. E mais, a sensação de vazio e de impotência para ajudar, a não ser rezando fortemente.
O jeito foi se distrair com coisas corriqueiras: tomar um café, depois almoçar, e movimentar-se pelo hospital.
Depois do almoço, o velho subiu para a sala de espera da sessão de cirurgia, um espaço do andar com o balcão e o posto de trabalho da atendente, vários assentos e, como de hábito, a televisão. Já havia algumas pessoas na sala, parentes e amigos de outros pacientes que, como o velho, estavam tentando acompanhar o desenrolar das operações mediante comunicação periódica da atendente com as salas de cirurgia. O velho tirou o seu “tablet” da pasta e mergulhou na leitura de um daqueles livrões, de Ken Follet, “Queda de gigantes”, romance histórico, que certamente iria ajudá-lo na longa espera. Inicialmente, tinha apenas a companhia da filha, mas logo chegaram os outros filhos, as noras e até a cunhada, que veio de São Paulo. Todos procurando animar o velho, mostrando confiança de que sairia tudo bem. Ao longo da tarde, ele interrompia frequentemente a leitura e ia pedir notícias à atendente; esta, habituada com esse tipo de trabalho e demonstrando empatia, transmitia as notícias de cada etapa do procedimento: “a paciente está sendo preparada”, “a paciente foi anestesiada e levada para a sala de cirurgia e está bem”, etc.. Até que, finalmente, o velho recebeu a notícia que demorou um século: a operação fora realizada com sucesso e a paciente estava na fase de recuperação na UTI pós-cirúrgica. E mais, que os médicos, ao encerrar o trabalho, iriam à sala falar conosco. Os parentes comemoraram, emocionados. Em seguida, passaram a planejar como fariam para ver a paciente na UTI, normalmente vedada a visitação.
Demorou um pouco, mas os médicos foram dar a boa nova aos parentes e amigos, da forma mais animadora possível. Apareceram, separadamente; primeiro a anestesista, depois a clínica e o cirurgião, o qual descreveu brevemente o que foi feito, dando ênfase à limpeza da infecção. Informaram também que a paciente permaneceria na UTI até o dia seguinte; depois, seria levada ao quarto.
Passado algum tempo, recorrendo a uma médica amiga, o velho e os filhos, em duplas separadas, conseguiram visitar a paciente, que ainda estava um pouco sedada mas, realmente, estava bem. 
Naquele dia, nada mais havia para o velho fazer no hospital, pois sua esposa estava sob controle; voltaria no dia seguinte, o mais cedo possível. Foi para casa em companhia da cunhada, escalada para cuidar dele.
Chegou em casa, trocou de roupa, pôs-se à vontade e preparou uma generosa dose de uísque com gelo e água mineral com gás. Saboreou-a lentamente.
“Graças a Deus foi tudo bem!” pensou em voz alta. Ele sabia que vinha, a seguir, um tratamento muito pesado para sua esposa, à base de antibióticos fortes, aplicados na veia mediante um cateter. Mas a operação fora um sucesso e ela sobreviveu.
Para o velho, foi um dia inesquecível.

Washington Luiz Bastos Conceição