terça-feira, 18 de julho de 2023

O casal de idosos volta a voar

Cara leitora ou prezado leitor: Mais uma vez, relato uma experiência vivida pelo casal, com o duplo objetivo de contar um causo e de transmitir uma experiência nossa. Neste caso, não deverá haver novidade para a maioria dos leitores, mas se servir de dica para alguém já me darei por satisfeito.


O casal de idosos (Leilah, minha esposa, e eu) após a pandemia Covid-19, está vivendo nas condições do que se chamou “novo normal”. Em nosso caso, não muito diferente do isolamento social, por causa de nossas dificuldades de locomoção e necessidade de acompanhamento em locais públicos.

Quanto a viagens, a última que havíamos feito foi para Franca, estado de São Paulo, em 2019.

Este ano, contudo, tínhamos o importante compromisso de participar da comemoração, em São Paulo, do octogésimo aniversário da irmã da Leilah. Foi um projeto um tanto complexo para nós, que envolveu a preciosa ajuda de Jurema, minha filha, e Alexandre, seu marido, que foram nossos acompanhantes, ou seja, nos levaram com eles.

Houve momentos de incerteza quanto à realização da viagem, porque Leilah teve de receber seu marcapasso antes de viajar e, na semana anterior à data da viagem, o casal teve um forte resfriado. Vencidos os obstáculos, voamos para a cidade em que Leilah nasceu e na qual me criei.


Era 5 de julho de 2023. Leilah e eu descemos às onze e meia para a portaria de nosso edifício e chamamos o Uber. Jurema e Alexandre saíram da casa deles e nos esperaram no embarque do aeroporto Santos Dumont. Chegamos ao meio-dia e meia. O encontro deu certo.

Eu estreei o uso da cadeira de rodas no saguão do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Ao meu lado, Leilah, em outra cadeira de rodas, já tinha essa experiência.

Observando o intenso movimento de pessoas no aeroporto, a maioria dos passageiros empurrando malas de quatro rodas, alguns com carrinhos cheios de malas, quase todos usando roupas esportivas e tênis, com o celular na mão, pareceu-me que, em relação à nossa última viagem o ambiente todo não estava muito diferente. Talvez, apenas, mais uso do celular e os códigos QR para providências como imprimir cartões de embarque.


Jurema e Alexandre fizeram o check-in e o despacho das malas, enquanto Leilah e eu esperávamos nas respectivas cadeiras de rodas, trazidas por uma acompanhante da Latam.

Para o embarque, tivemos de aguardar os condutores das cadeiras que iriam nos levar ao embarque e até o avião, passando pela revista da polícia. Demorou algum tempo, mas tínhamos chegado com antecedência – o embarque estava marcado para a uma e meia.

Para mim foi uma sensação diferente ser conduzido pelo aeroporto, entrando e saindo de elevador. Na hora da revista, tivemos de passar pela porta lateral, evitando o controle eletrônico, pois os dois temos marcapasso implantado; tivemos de nos submeter à revista manual, tirando os sapatos. Sempre com a assistência de Jurema e Alexandre, foi passada nossa bagagem de mão, celulares e casacos. Não houve problema, fomos tratados com atenção. Conduzidos ao portão de embarque, esperamos algum tempo mas fomos os primeiros a entrar no avião e nele devidamente acomodados.

Dentro do avião, as novidades foram: a capacidade maior dos compartimentos de bagagem (havia passageiros com malas nada pequenas que foram devidamente acomodadas); a substituição do lanche rápido da ponte aérea Rio-São Paulo por um copo d’água com alguns poucos gramas de “chips” de batata doce; a permissão para uso do celular (no modo avião) e as tomadas na frente das poltronas para os carregadores de celular.

O voo foi de curta duração (uns quarenta e cinco minutos) tranquilo, sem turbulências, e o pouso no aeroporto de Congonhas foi normal. Como não havia “finger” disponível, o desembarque dos passageiros foi feito por escada e transporte por ônibus, mas nós, Leilah, eu e nossos acompanhantes, baixamos do avião por um “ambulift” e fomos transportados até a área de desembarque.

Um ambulift (fonte: Google)

De lá, fomos conduzidos, novamente em cadeiras de rodas, até o Uber que Jurema tinha reservado desde o Rio de Janeiro. Chegamos muito bem à residência dos grandes e velhos amigos, também um casal idoso, que nos hospedaram regiamente até a segunda-feira, quando regressamos ao Rio.

A viagem de volta foi feita nos mesmos moldes e, também, foi tranquila.


Foi, para mim,  quase uma aventura, uma situação diferente de minhas viagens anteriores e me fez lembrar, comparando, as viagens frequentes que eu fazia, a trabalho ou de férias, principalmente para o exterior, quando os sistemas e serviços do aeroporto e das companhias aéreas eram muito diferentes do que temos hoje.  

Planejamos nova viagem para São Paulo, ainda este ano, por motivo semelhante. Pelo sucesso da experiência, estamos confiantes.

Washington Luiz Bastos Conceição