segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Longevidade – A fórmula

 Ao chegar aos noventa anos, ouço frequentemente a frase “Mas o senhor está muito bem!”, quando informo minha idade a alguém. Costumo então comentar, de maneira séria, que concordo e não tenho o direito de reclamar. Considero minhas condições físicas e mentais excepcionalmente boas para um nonagenário.

Contudo, não quero dizer que me conservo jovem, sou um idoso bem idoso, enfrento problemas de saúde com um bom atendimento médico, procuro manter uma capacidade mínima de locomoção bípede, solicito bastante meu cérebro para fugir da demência; afinal, luto para continuar em bom estado para minha idade avançada.

Na minha comemoração de 90 anos, após proferir meu discurso, um dos amigos me perguntava: “Washington, qual é a fórmula?”, referindo-se à minha longevidade.

Claro, não existe propriamente uma fórmula (e meu caro oncologista afirma que não há), mas a pergunta dele me fez pensar que poderá ser de alguma serventia para meus leitores comentar minhas experiências – e também da Leilah, minha esposa - contando como vimos enfrentando, desde que nos tornamos idosos, as dificuldades para nos mantermos “relativamente bem” (expressão que uso com frequência para qualificar nosso estado de saúde considerando a idade avançada).

Para não exagerar, vou me limitar aos anos deste século, no qual entramos, Leilah  eu, com 64 e 67 anos respectivamente. Já tínhamos dois netos.

Continuamos em atividade profissional, dando consultoria a empresas nas áreas de informática e marketing, até 2009 (eu) e 2010 (Leilah). Aposentados, Leilah se dedica à administração financeira do casal e à operação doméstica; eu a auxilio no planejamento e execução desses trabalhos e faço meus escritos. Ambos temos a felicidade de mantermos contato intenso com os filhos e relacionamento estreito com parentes e outros amigos. Assim fazendo, estamos procedendo de acordo com recomendações dos especialistas para termos uma velhice melhor.

No capítulo dos cuidados com a saúde, nesta época da vida em que o organismo se apresenta desgastado, estamos enfrentando acidentes e doenças mediante um atendimento médico muito bom, que incluiu cirurgias, submetendo-nos aos exames necessários (o que às vezes é difícil). Procuramos nos alimentar bem e não fazemos excessos.

Contudo, não foram poucas as dificuldades. No período em questão, Leilah sofreu fraturas, algumas graves, e teve câncer de mama; eu tive câncer de próstata e um bloqueio no coração fez com que eu recebesse um marcapasso.

Ambos somos cardiopatas e temos as dores e achaques próprios da idade. Mantemo-nos, portanto, sob constante controle médico.


As recomendações de médicos e especialistas sobre cuidados com a saúde física e mental, que envolvem alimentação, exercícios, lazer e comportamento social, estão largamente disseminadas em livros por autores conceituados. Mencionei algumas delas em crônicas que publiquei neste blog. Procuramos  segui-las.

Livros e artigos publicados tratam dos cuidados necessários com a saúde física e a saúde mental, e se baseiam em fatos médicos conhecidos e em novos estudos e pesquisas sobre enfermidades em geral e, particularmente, sobre distúrbios mentais. Também nos servem de orientação.

Um tema em particular é, contudo, muito preocupante: a demência senil, especialmente quando começam a ocorrer lapsos de memória.

Ouvimos muito médicos e amigos sobre o assunto, com destaque para o mal de Alzheimer. Um livro, que lemos recentemente, nos pareceu bem completo quanto ao assunto memória: “Os segredos para ter memória forte e cérebro sempre jovem”, de Renato Alves (campeão de memorização no Brasil, em 2006). Nele, o autor trata dos tipos de falha da memória, de suas causas, faz recomendações para resolver os problemas e propõe um plano de treinamento. Ele afirma que:

“A solução para uma memória forte e confiável ainda não está no frasco de um remédio milagroso, uma pílula mágica que impeça ou recupere os esquecimentos. ... O caminho é fortalecer a memória é conhecer a memória, adotando atitudes e atividades que melhorem o desempenho cerebral e investindo em métodos de memorização. E, como disse antes e reitero aqui, isso independe da idade.”

O autor menciona os grupos de alimentos associados à saúde do cérebro, destacados por uma epidemiologista nutricional americana, e me deixou muito satisfeito quando afirmou que “Não existe atividade mais intensa para a memória do que escrever”.



Como aconteceu no mundo todo, Leilah e eu vivemos dias difíceis, dificílimos para os idosos, durante a pandemia Covid-19. Nosso comportamento foi fundamental para nossa sobrevivência. Posso dizer que saímos ilesos dessa guerra, mesmo tendo recebido a visita do vírus. Descrevi, com minúcias,  nossa vida de dois anos de isolamento social no  livro “Um casal de idosos no Tempo do vírus”.

Nossa longevidade foi favorecida pela atitude do casal - e da família - nos momentos difíceis, como acidentes e cirurgias, por exemplo. Contudo estamos sabendo aproveitar os momentos prazerosos  que a vida nos oferece, como as reuniões de família e de amigos.

Enfim, continuamos por aqui, convencidos de que, acima de tudo, temos de dar graças a Deus.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

Cara leitora ou prezado leitor:

1.   1. Dentre as crônicas que publiquei no blog sobre a nossa vida de idosos, selecionei algumas; umas sobre situações difíceis e outras sobre momentos agradáveis. Você poderá ler cada uma clicando no link correspondente.

·      Almoço às Quintas (reunião com amigos ex-colegas, que perdura até hoje)

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2012/04/almoco-as-quintas.html 

·         É proibido cair!

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2013/01/ 

·         O Dia dos Pais e o Neto Blogueiro (sobre reunião com a família)

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2014/09/o-dia-dos-pais-e-o-neto-blogueiro.html 

·         Um dia inesquecível

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2016/03/um-dia-inesquecivel.html 

·         “Home Care”

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2015/05/home-care.html 

·         Discurso dos 85 anos (o aniversariante comenta a vida de idoso)

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2017/10/ 

·         Meu Novo Hóspede (o marcapasso)

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2019/03/meu-novo-hospede.html 

·         Tratar-se ou não se tratar – eis outra questão

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2019/08/tratar-se-ou-nao-se-tratar-eis-outra.html 

·         Uma reunião de família com discurso dos 90 anos

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2022/10/uma-reuniao-de-familia-com-discurso-dos.html 


  2.   O depoimento detalhado sobre a atuação do casal durante a pandemia está no meu livro “Um casal de idosos no tempo do vírus” e em sua versão em Inglês, o “An elderly couple in the time of the virus”,


            disponíveis:

·       No Brasil: na Loja Uiclap (impresso) e Amazon.com.br (impresso e e-book),

·    Fora do Brasil (impresso e e-book): na Amazon.com (Estados Unidos); Amazon.co.uk (Reino Unido); Amazon.de (Alemanha); Amazon.fr (França); Amazon.in (Índia); Amazon.co.jp (Japão); Amazon.es (Espanha) e Amazon.it (Itália). Nesses sites, basta digitar meu nome completo (Washington Luiz Bastos Conceição), no campo de pesquisa, para abrir a página com a descrição de meus livros.

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