domingo, 10 de novembro de 2024

O casal de idosos vai ao teatro

Eram cinco e vinte da tarde de 15 de outubro. Chovia forte e estava escurecendo cedo. O casal de idosos, Leilah e eu, desceu à garagem do Meia Lua, o edifício onde mora,  e embarcou no taxi do motorista que costuma atender nossa nora Simone para levar ou buscar pessoas no aeroporto. Leilah havia feito o agendamento do taxi para as cinco e meia da tarde, o que foi providencial, pois tínhamos reserva no teatro Carlos Gomes, no centro do Rio, e o espetáculo teria início às sete horas da noite, sem tolerância para atrasos dos espectadores.

Fomos buscar nosso filho Cássio, que mora na Califórnia e estava de visita à família, hospedado em um apartamento do Leblon. O trânsito estava extremamente congestionado, a quantidade de carros demandando a Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, era imensa; de tal forma que esse pequeno trajeto, que habitualmente não leva mais do que dez minutos, levou meia hora. Cássio embarcado, rumamos para o centro do Rio. O aplicativo “Waze” orientou o Luiz, o motorista, xará de nosso filho mais velho, a fazer o itinerário pelo túnel Rebouças. O horário de chegada ao teatro, previsto pelo aplicativo, variava de 18 horas e 50 minutos a 18 e 55. O trânsito na Lagoa Rodrigo de Freitas também estava muito lento. Continuava chovendo.


O que deu origem a essa aventura, extraordinária para este idoso que lhe escreve?

Leilah, que luta contra minha má vontade para sair de casa, aproveitou uma ida do Cássio a nossa casa para propor o programa: assistir a uma peça musical que estava sendo apresentada por alguns dias no Rio, com muito sucesso, e que era, nada menos, baseada no livro “Viva o povo brasileiro”, obra prima de João Ubaldo Ribeiro. O Cássio aderiu imediatamente, pois gostou muito do livro, que leu mais de uma vez, nas edições em Português e em Inglês. Leilah e eu também lemos e gostamos muito. Além disso, somos admiradores do Ubaldo, com quem tive um contato interessante, narrado em uma de minhas crônicas. Também aderi, claro, fazendo que não percebi que Leilah tinha o programa em agenda oculta, pois a rapidez com que ela foi à internet e comprou os ingressos foi notável. Era uma demanda reprimida.

De jovens namorados até a idade madura, frequentamos teatros, Leilah e eu, por iniciativa dela. Em São Paulo, usufruímos de uma fase extraordinária do teatro brasileiro, destacando-se o Teatro Brasileiro de Comédia, diretores e atores brilhantes, uma lista notável. Ao nos mudarmos para o Rio, pudemos assistir a peças e shows cômicos e musicais, com outros artistas maravilhosos. Com o avançar da idade, programas fora de casa se tornaram mais difíceis, de modo que já fazia anos que não íamos a teatro. Recorrendo à memória, a peça mais recente a que assistimos no Rio foi “Intimidade Indecente”, com Irene Ravache e Marcos Caruso, no Teatro Maison de France (provavelmente em 2001); em São Paulo, o musical “O Rei Leão” (em 2013 ou 14); em Nova York, em 2011, “Mary Poppins”, “Zarkana”, espetáculo do “Cirque du Soleil”, e “War Horse”, uma peça extraordinária em que um cavalo de palha no palco se torna, gradualmente, em nossa percepção, um animal real.

Neste ano, nossa ida ao teatro seria, portanto, algo excepcional.


Rodamos, ainda com bastante trânsito, pelo túnel Rebouças e pelo elevado que lhe segue, mas encontramos bem livre o caminho para o centro, de modo que chegamos à porta do teatro às 18:55. Ufa!

Descer do automóvel, para o casal, é uma operação que exige cuidados, mas, com a ajuda do Cássio, foi tudo bem. À entrada do teatro, os cerca de dez degraus seriam difíceis de vencer, mas um pequeno elevador, tipo monta-carga, operado por uma pessoa do teatro que nos atendeu muito bem, resolveu o problema. Este mesmo funcionário nos conduziu até a plateia. O Cássio amparando a mãe e eu me valendo de uma bengala.

O teatro Carlos Gomes sofreu uma bela e completa reforma, de modo que a plateia, com bonitas e confortáveis poltronas e suas enormes cortinas, nos impressionou muito bem.

Sala do Teatro

Afinal, com a chuva e consequente dificuldade do trânsito na cidade, houve uma tolerância de uns dez minutos, pelo menos, para o início do espetáculo.

Abertas as cortinas mostrando o grande palco e um cenário elaborado, muito bonito, vários personagens se apresentaram, com música estrondosa e vigorosa percussão. Iniciado assim, o espetáculo prosseguiu com os atores contando e cantando as histórias fantásticas da colonização da Bahia, os personagens se revezando em cantos e monólogos (algumas letras das músicas eu não conseguia entender completamente), envolvendo-nos em sua atmosfera mágica. Já fazia tempo que eu havia lido o livro, de modo que me lembrei, apenas em parte, dos temas principais e da sequência histórica (pensei: vou reler o livro). Depois de algum tempo, senti que o espetáculo estava durando muito; eu estava com um certo desconforto. Afrouxei o cinto da calça e me senti melhor. Não falei nada para o  Cássio e a Leilah. Conclui que, pela duração da primeira parte, não haveria segundo ato.

Quando as cortinas se fecharam, anunciaram pelo alto-falante: “Intervalo de 15 minutos”. Exclamei: “É gozação!” e disse para a Leilah e o Cássio algo como: “Para mim, já é suficiente, quero ir para casa”. Eles ficaram muito admirados, mas eu estava falando sério. Em seguida, como me convenci de que haveria mesmo uma segunda parte e eles queriam continuar, percebi que estava me tornando um “desmancha prazer”; com o descanso do intervalo, me recuperei e voltei à plateia até o final. Na verdade, eu estou destreinado, habituado com a assistência confortável, em casa, de filmes na televisão, quando posso parar o filme e voltar quando me aprouver.

Apesar desse incidente, acabei apreciando muito a peça, vibrando com a música e a dança, e fiquei muito feliz por ter aproveitado o programa todo. Quem comenta bem o espetáculo é a Leilah, a quem passo a palavra:

“Foi ótima a saída ao teatro. O Carlos Gomes foi totalmente reformado, com requinte, e o atendimento aos idosos foi muito bom.

Gostei muito do espetáculo. Artistas ótimos, que dançavam, cantavam e tocavam instrumentos muito bem, sempre com uma expressão de alegria no rosto e nos gestos. A particularidade é que não havia apenas um par de atores principais; uns oito atores e atrizes se revezavam como personagem central em diferentes cenas. Os cenários são de muito bom gosto e adequados a cada época (são três séculos de história) e aos locais. A coreografia e as músicas são excelentes. A única ressalva que faço é com a duração do espetáculo: poderia ser um pouco menos longo.”

Cássio também apreciou muito, declarando que achou o espetáculo de  alto nível, muito bem executado.


A volta para casa, em um taxi disponível à saída do teatro, foi, pelo itinerário inverso, rápida e tranquila. Final feliz para a aventura. A avaliação da Leilah, apesar da dificuldade inicial foi: “Enfim, uma noite perfeita.”

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas: 

1a. A crônica em que falo de Ubaldo é “Ubaldo meu vizinho”, escrita em 2013 e que incluí no livro “Falando de Pessoas”. Está disponível no blog. Link:

https://washingtonconceicao.blogspot.com/2013/02/ubaldo-meu-vizinho.html

2a. Em nosso tempo, em São Paulo, o grande destaque entre os bons diretores foi Zbigniew Ziembinski. A lista de atores extraordinários incluía Cacilda Backer, Paulo Autran, Sérgio Cardoso, Maria Della Costa, Leonardo Vilar, Nídia Lícia. Walmor Chagas, Cleyde Yáconis, Nicette Bruno, Paulo Goulart ...

No Rio, artistas maravilhosos de peças e shows a que assistimos foram Tom Jobim, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Baden Powell, Toquinho, Fernanda Montenegro, Chico Anysio, Jô Soares, Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque, Roberto Carlos...

As listas são extensas, há, certamente, mais nomes (daí as reticências) e ainda havia outros que vimos somente no cinema e na televisão.

3a. A foto do teatro foi copiada do site do Guia Cultural do Centro Histórico do Rio de Janeiro:

https://guiaculturalcentrodorio.com.br/teatro-municipal-carlos-gomes/ 


domingo, 20 de outubro de 2024

O casal de idosos visita a escola dos filhos

Na manhã agradavelmente fresca de outubro, o velho casal foi muito bem recebido, por uma amiga, no portão da Escola Americana. Amiga que, colega dos filhos do casal, é hoje professora na escola onde estudou. Dois funcionários acomodaram os velhinhos em cadeiras de rodas e os conduziram pelos blocos da edificação, um trajeto complexo por corredores e terraços, que incluiu uso de elevadores; chegaram, afinal, a uma sala em que o velho escritor iria fazer uma apresentação a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês.

A cara leitora ou prezado leitor já percebeu, provavelmente, quem era o velho escritor.


Publiquei meus livros bilíngues com a história do casal de idosos no tempo da pandemia Covid-19, com o objetivo de oferecer aos leitores, além do descrição da vida do casal durante aquele terrível período, a facilidade de exercício de leitura em outro idioma que não o seu (Inglês, Espanhol e Português).

Pensei em ampliar sua divulgação, ou seja, estendê-la além daquela que faço aos leitores de meu blog. Comecei essa atividade fazendo contato com a Escola Americana do Rio de Janeiro, onde estudaram meus filhos. Recorri à colega e amiga deles, acima mencionada, que, muito atenciosamente, me pôs em contato com a bibliotecária da Escola, a quem também devo agradecer por sua atenção e receptividade. A esta  pareceu que o assunto poderia interessar a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês na Escola. Combinamos que eu faria uma apresentação a esse grupo e seu professor.

Preparei-me para a apresentação considerando as particularidades do grupo: não seriam muitas pessoas, haveria homens e mulheres, não haveria apenas brasileiros. Eram pais de alunos da Escola como eu fui, há décadas, provavelmente com as mesmas atividades e os mesmos objetivos. Então, no caso deles, eu não iria apenas tratar do assunto dos livros bilíngues, teria também de comentar a expectativa de estudo dos filhos após a graduação na “high school” (eles ficariam no Brasil ou iriam para universidades no exterior?); além disto, teriam eles, os pais e filhos, a possibilidade de passar uma temporada no exterior, como aconteceu com minha família? Como tive essas experiências, acrescentei esses tópicos à apresentação, com menção aos livros que escrevi a respeito, o que incluiu também na apresentação minha atividade de escrever e publicar livros.


Leilah, eu e Luiz, nosso filho mais velho que se juntou a nós, fomos recebidos na sala de aula pelo professor e um assistente, ambos americanos. Acomodei-me a uma cadeira, junto a uma pequena mesa, onde pude colocar meu papel com o roteiro da palestra e alguns livros que levei para exibir.

Eu havia programado fazer a exposição nos 15 minutos finais da aula, ficando, a seguir, à disposição do grupo para responder a perguntas e ouvir comentários daqueles que pudessem permanecer além do horário da aula.

De início, fiz  a apresentação do casal, destacando nossa condição, como pais de quatro ex-alunos, de uma espécie de “colegas” mais velhos deles e mencionei a presença do Luiz.

Contei que passei a escrever aos 76 anos, quando parei de trabalhar, destacando inicialmente o livro sobre a temporada da família em Chicago, experiência de vida nos Estados Unidos, muito importante para o casal, e que nos levou a encaminhar os filhos à Escola Americana. Falei da evolução de meu trabalho, ao escrever crônicas em meu blog e ao publicar e-books e livros impressos por encomenda (“on demand”). Destaquei também o livro “O casal de idosos no tempo o vírus”, enfatizando o depoimento, em crônicas, sobre a vida do casal em isolamento social registrando, também, a evolução da pandemia, desde os dias tenebrosos em que eram noticiados números crescentes de casos de contaminação e de mortes, no País e no mundo, até chegarmos à situação da “nova normalidade”. Contei que, após publicá-lo em Português, decidi escrever, considerando o alcance global da pandemia, sua versão em Inglês e, depois, em Espanhol, recorrendo às revisões de qualidade por um dos filhos e por um amigo argentino, respectivamente. E que essas publicações me levaram a juntar os livros, dois a dois, em livros bilíngues, para facilitar o exercício de leitura nos três idiomas.

Fechando a palestra, passamos à sessão de perguntas e respostas.

Houve perguntas, fiz os esclarecimentos necessários, e a sessão se prolongou por mais algum tempo. Para informação do grupo, distribuí um pequeno folheto (duas páginas) com informações sobre os livros mencionados, meu endereço de e-mail e os links do blog e do catálogo de meus livros.


A reunião foi encerrada com uma despedida atenciosa; recebi um certificado de participação no curso, pela apresentação, e um brinde da Escola.

À saída, Leilah. Luiz e eu tivemos uma atenção especial do professor, da bibliotecária e de nossa amiga. Esta nos acompanhou até o portão.

Foi uma interação muito agradável e interessante, na qual a condição do casal idoso foi muito apreciada.


Pretendo me manter em contato com a Escola para dar continuidade aos assuntos tratados com a bibliotecária. E percebi que tenho outro motivo, bem forte: as lembranças de nossa interação no tempo em que meus filhos lá estudaram: Leilah levando as crianças de manhã antes do ir para o trabalho; o casal participando de reuniões com professores e acompanhando as várias atividades esportivas dos meninos; minha participação de um acampamento de escoteiros; o casal feliz e emocionado nas solenidades de formatura...

São recordações preciosas de uma das fases da vida em que Leilah e eu nos dedicamos fortemente ao desenvolvimento dos filhos e à construção da família.

Washington Luiz Bastos Conceição


segunda-feira, 16 de setembro de 2024

O velho escritor revisita seus livros

Foi muito grande a satisfação do velho escritor por vencer o desafio de escrever e publicar seu primeiro livro. Saiu como ele queria, vários amigos leram suas histórias, seu objetivo foi atingido. Como alguém vaticinou, ele não ficou no primeiro, tinha mais histórias para contar. De 2009 para cá escreveu e publicou vários livros e, a partir de 2012, muitas crônicas; uma parte destas, convertida em livros.

Esta é minha jornada como escritor independente que, desde o início, sabia que não produziria “best sellers” e que estava escrevendo para os amigos, no seu estilo de conversar com os leitores.

Este ano, quinze anos depois do primeiro livro, resolvi rever meu trabalho, relendo parte de alguns livros. Como a ideia de livros bilíngues levou à necessidade de uma divulgação mais ampla, pensei, pela primeira vez, em fazer um catálogo – e me surpreendi com a quantidade de publicações, mesmo considerando que os bilíngues acrescentaram três publicações da mesma história. São vinte, incluindo um pequeno e-book com três contos.

Ao estimar, entretanto, quantos seriam, aproximadamente, os leitores de meus livros, minha conclusão foi que o número é menor do que os habituais leitores das crônicas do blog.

As razões para essa estimativa são várias: para começar, a leitura de livros em geral e daqueles de lazer em particular, enfrenta, no mundo todo, a forte concorrência no tempo das pessoas. Além do trabalho em si, as atividades sociais e de lazer (os programas todos da televisão, cinemas, teatros, espetáculos musicais e esportivos) e a atenção contínua ao telefone celular não deixam muito tempo para a leitura de livros. Este tempo reduzido é, principalmente, dedicado a publicações científicas, técnicas e profissionais; a livros de pessoas famosas na vida pública, artística e profissional e de escritores renomados (neste caso, com forte preferência por ficção). Pouquíssimo tempo dos leitores há de sobrar para a leitura de livros de um escritor, desconhecido como tal, e não ficcionista. Quanto aos leitores de outros países, há a dificuldade adicional do desconhecimento do idioma Português. Portanto, continuo contando com os amigos.

Uma boa notícia tive de meu amigo Carlos Gentil Vieira, que tem um site dedicado a escritores independentes: ele me informou que, quando anuncia e comenta livros, tem recebido um número significativo de visitantes no site - e mencionou bons números de livros meus.

Pensei no que eu poderia fazer para contar com mais leitores.

Em particular, considerando que os livros bilíngues serão úteis para o exercício de leitura em Inglês, Espanhol e Português, estou iniciando uma divulgação dirigida.

Outra ação minha está sendo passar a reunir, em livros, crônicas por assunto, em vez de reuni-las cronologicamente, com assuntos variados, como eu vinha fazendo. Acontece que, quando se trata de assuntos variados, o que atrai o leitor é o autor conhecido, especialmente aquele que é colunista em periódicos. Daí minha publicação do “Falando de Pessoas” (com índice na capa) e “Falando de Futebol”, que poderão interessar pelos respectivos assuntos. Estou avaliando selecionar mais alguns temas.


Como consequência dessa revisão dos meus trabalhos, resolvi organizar um catálogo dos livros impressos e e-books, que está muito bem apresentado no site do Gentil (vececom.com). Para vê-lo, basta clicar no link:

https://www.vececom.com/p/catalogo-dos-livros-de-washington.html

Quanto ao interesse por livros em geral, os jornais dão a notícia: a Bienal do Livro de São Paulo, que se encerrou no domingo, dia 15 de setembro, foi um sucesso, superando significativamente as anteriores. 


Washington Luiz Bastos Conceição

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Como faço para publicar meus livros

Mais de uma pessoa me perguntou como faço para publicar meus livros.

No livro “Para você se animar a escrever seu livro”, conto como comecei a escrever e publicar livros e descrevo todo o meu processo de trabalho. Nesta crônica, em atenção aos interessados, vou descrever as atividades envolvidas na publicação das versões impressa e digital (e-book) de um livro.

Tendo começado a aventura de publicar livros em 2009, aos 76 anos, recorri inicialmente a gráficas que imprimem pequenas tiragens (no meu caso, 200 exemplares). A partir do quarto livro, passei a publicar livros impressos por encomenda (“on demand”). Neste sistema, o leitor encomenda o livro, este é produzido e lhe é entregue em domicílio. A publicação é feita, no Brasil pela gráfica Uiclap, para a venda local; fora do País, é feita pela Kindle Direct Publishing (KDP), organização da Amazon, para a venda em outros países. Os e-books também são publicados pela KDP e vendidos pelas lojas da Amazon no Brasil e no exterior.

Como há leitores que poderão se interessar apenas pela informação geral e há aqueles que querem conhecer detalhes operacionais, apresento abaixo a descrição do trabalho de publicação em duas partes.


Primeira parte: Resumo de meu trabalho de "auto-publicação".

No caso de livro impresso, preparo o texto do livro usando o Word, formatando no tamanho da página do livro, e projeto a capa usando o Powerpoint, ambos programas da Microsoft.

Para a publicação do impresso no Brasil, recorro ao site da Uiclap. Neste, faço o “upload” dos arquivos do texto e da capa, dou as informações sobre o livro (título, autor, sinopse e outras), estabeleço o preço de venda e os royalties  e comando a publicação. Publicado, o livro fica disponível na loja Uiclap e, quando comandado por mim (no site da Uiclap), também na Amazon do Brasil (amazon.com.br).

Para a publicação do impresso fora do Brasil, trabalho no site da KDP, com procedimento semelhante. Publicado, o livro fica disponível na amazon.com e em todas as outras lojas da Amazon fora do Brasil.

Para a publicação do livro digital, preparo o texto e a capa para o e-book (usando também o Word e o Powerpoint) e trabalho no site da KDP, de forma semelhante à do livro impresso, com diferenças na formatação dos arquivos. Os dados básicos do livro são comuns às duas versões. Uma vez publicado, o e-book fica disponível para venda nas lojas Amazon de todo o mundo. No Brasil, a amazon.com.br.

Encontro uma certa dificuldade quando decorre algum tempo (meses) entre uma publicação e outra. Tenho de rememorar o procedimento e, além disto, lidar com alterações no processo, seja por novos requisitos (como a exigência de novos tipos de arquivo), seja por novos recursos disponíveis (como o aplicativo Kindle Create, para e-books, da KDP). Tenho de me atualizar, redobrar minha atenção e caprichar no trabalho, o que não é fácil na minha idade. Faço uma publicação provisória para obter e analisar a prova, como manda a prudência, e as alterações necessárias, mediante a repetição do procedimento. Anuncio cada publicação somente após essa revisão. Recorro à Leilah, minha esposa, na revisão do texto e avaliação da capa e ao amigo Carlos Gentil Vieira quando tenho alguma dificuldade maior no processo. Afinal, a capa tem de ser atraente e os leitores merecem ler um texto correto.


Segunda Parte: Detalhes dos procedimentos.

Preparação do livro impresso

Para publicar um livro impresso, tenho de preparar o texto no formato desejado quanto a tamanho do papel, margens, sumário, fonte etc., mas de forma a atender os requisitos e recomendações da KDP e da Uiclap. Nada muito complicado para um usuário do programa processador de textos Word, que é meu caso. No final, converto o arquivo do Word (docx) para pdf.

Tenho, também, de preparar a capa, com lombada e quarta capa, textos e imagem, o que requer de mim um pouco mais de esforço. Para o trabalho gráfico uso o programa Powerpoint, criando a imagem em arquivo jpg, a qual trabalho no PaintNet, ajustando-a na aparência e nas dimensões indicadas pela Uiclap e pela KDP, dimensões que são função do tamanho e da quantidade das páginas. No final, faço a necessária conversão para arquivo pdf usando o aplicativo IlovePDF. Como alternativa, a KDP oferece modelos de capa “customizáveis”, que usei em alguns casos.

Devo escrever também, com antecedência, a sinopse do livro, texto que será usado pelas livrarias da Amazon e pela Uiclap.

Para informação à Uiclap, peço à CBL (Câmara Brasileira do Livro) o ISBN (International Standard Book Number), antes de iniciar o trabalho de publicação, usando as informações requeridas do texto do livro. O número fornecido pela CBL será informado à Uiclap juntamente com os outros dados do livro.

O procedimento para a publicação no Brasil

Entro no site da Uiclap (https://portal.uiclap.com/), onde já estou cadastrado. Abre se a tela inicial. 


Parte da tela de abertura da Uiclap

Indico que vou publicar um livro, clicando em “Iniciar publicação”; abre-se a página para fazer o upload do arquivo do texto (em pdf).

Parte da segunda tela da Uiclap

Com o upload do texto, faço, no site, a pré-visualização digital das páginas (ainda sem a capa) e verifico se há algum problema de formatação do texto. Estando bem, passo à capa.

O site informa as medidas da capa total (capa, lombada e quarta capa), em função do tamanho e do número de páginas do livro, e, uma vez carregado o arquivo da capa, sua imagem é projetada no gabarito exibido pelo site, permitindo que se faça o ajuste de tamanho necessário. Seque-se a pré-visualização digital da capa.

Feitos os uploads e a pré-visualização e estando tudo conforme o esperado, eu salvo a página. Abre-se a página de informações sobre o livro (título, autor, sinopse, ISBN e outras), que preencho e salvo. Abre-se a terceira página, onde eu especifico a cor do papel e o preço de venda; este, é estabelecido em função do custo de impressão e dos royalties desejados; ao salvar, comando a publicação. Em seguida, encomendo exemplares de prova, para fazer a revisão final. Como há detalhes que não vejo na pré-visualização, poderei ter de repetir o processo para fazer as alterações.

O procedimento para a publicação no exterior

O procedimento para a publicação na KDP é semelhante: entro no site https://kdp.amazon.com (onde sou cadastrado). Abre-se a tela:

Parte da tela de abertura da KDP
Indico, na primeiro tela, que vou criar um livro. Abre-se a página de informações sobre o livro: título, autor, tamanho da página, sinopse e outras (uso o ISBN fornecido pela KDP); preenchida esta, salvo as informações. Abre-se a página de conteúdo do livro, na qual faço o “upload” dos arquivos do texto e da capa (ambos pdf). Como alternativa para a capa, posso criá-la no site usando um dos modelos oferecidos pela KDP. Salvos os arquivos com sucesso, faço a pré-visualização digital do livro; se não estiver bem, tenho de retrabalhar o arquivo com problema e repetir o "upload”; se me satisfizer, salvo a página. Abre-se a terceira página com os dados de venda: preço, lojas e royalties; uma vez preenchida a página, comando a publicação. O site me informa que o livro vai entrar em revisão. Se aprovado, recebo a comunicação e os parabéns, por e-mail, e o livro fica disponível nas lojas. Caso contrário, se não for aprovado na revisão, recebo a informação do que devo alterar (tamanho da capa, por exemplo). Faço as alterações nos arquivos e repito o processo.

O procedimento para a publicação do e-book

Publico meus livros nas duas versões, impressa e digital (houve apenas uma exceção: um pequeno e-book o "Três Contos", em que experimentei escrever ficção, que não tem versão impressa).

Em geral, por ser um pouco mais simples e mais fácil de revisar o texto publicado, faço antes o e-book.

O texto do livro, claro, é o mesmo, porém em diferente formatação. Embora haja outras formas de produzir o texto, continuo preferindo fazer o upload do arquivo do Word, o tipo docx. No e-book, a capa é apenas a primeira (não há quarta capa nem lombada) e é conveniente usar a mesma da versão impressa, embora possa ser diferente.

A publicação é feita no site da KDP, com procedimento semelhante ao do livro impresso: na primeira página aberta pelo site, as informações gerais do livro são as mesmas (título, autor etc.) sem a especificação do tamanho de página, pois o futuro leitor poderá alterar o tamanho das letras. Na segunda página, é feito o upload dos arquivos do texto e capa e a pré-visualização digital do e-book (simulando leitura no tablet e no celular). Na terceira, as  especificações comerciais (loja, preço e condições).

Salva a terceira página, está comandada a publicação e o e-book entra em revisão pela KDP. Uma vez aprovado, o e-book fica disponível em todas as lojas Amazon.

Costumo comprar o livro em seguida, para fazer a revisão final. Como há detalhes que não vejo na pré-visualização, poderei ter de repetir o processo para fazer as alterações.


Ao caro leitor ou prezada leitora que tenha o propósito de publicar livros, desejo sucesso. Se este meu relato ajudar você, ficarei muito satisfeito ao saber. Boa sorte!

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

1. Para os leitores de meu livro “Para você se animar a escrever seu livro”: as informações acima constituem uma atualização dos procedimentos descritos no livro.

2. Meus e-books estão no programa da Amazon "Kindle Unlimited", de modo que eles são grátis para os assinantes do programa.

3. Há vários livros disponíveis sobre a publicação de livros, e-books e impressos. Por exemplo, a pesquisa “como publicar na Amazon”, no site da amazon.com.br, traz vários livros sobre o assunto.


sábado, 27 de julho de 2024

Falando de Futebol – o livro

Constatando que o assunto futebol tem interessado a meus leitores e leitoras, decidi reunir em um livro o que escrevi e venho escrevendo, neste blog, e as histórias que contei em meu primeiro livro (“Histórias do Terceiro Tempo”), sobre esse esporte tão apreciado em todo o mundo. Acabo de publicar esse livro, o “Falando de Futebol”, nas versões impressa e digital (e-book).


O livro foi organizado em três partes:
A primeira reúne as crônicas com comentários e observações sobre vários aspectos do futebol – a evolução do esporte em si, a organização internacional, as práticas e regras, os espetáculos e sua transmissão televisiva para o mundo todo.

A segunda parte inclui as histórias de torcedor fervoroso nas copas do mundo, da juventude à idade avançada.

Na terceira, conto minhas experiências como praticante amador do esporte, em vários ambientes e situações, desde a infância até a fase de veterano, passando também pelo futsal.

Tanto na segunda como na terceira parte, as histórias mostram as diferenças pitorescas de recursos e de tecnologia em relação aos tempos de hoje.

O livro está disponível:

No Brasil: na Loja Uiclap (versão impressa), link:

https://loja.uiclap.com/titulo/ua61225/ ,

 e na Amazon.com.br (e-book e impresso), link:

https://www.amazon.com.br/s?k=falando+de+futebol&i=stripbooks&crid=A9NB5ESYML8T&sprefix=%2Cstripbooks%2C196&ref=nb_sb_ss_recent_1_0_recent 

Observação: Por provável erro de sistema, há, nesta loja, hoje, uma segunda oferta do livro impresso com preço errado, o que deverá ser corrigido em breve. 

Fora do Brasil: na Amazon.com (e-book e impresso) link:

https://www.amazon.com/s?k=Washington+Luiz+Bastos+Concei%C3%A7%C3%A3o&__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=2HAJ5RP65DNMF&sprefix=washington+luiz+bastos+concei%C3%A7%C3%A3o%2Caps%2C228&ref=nb_sb_noss


Abaixo, o sumário, para completar a descrição do livro:

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

Objetivo e organização do livro

O CRONISTA

A informação não é o meu esporte

Modernos Gladiadores

Para variar

Equívoco (da CBF)

O “football business” e a FIFA

Bota Mulher na Parada

Futebol – O Espetáculo

O TORCEDOR E AS COPAS DO MUNDO

O velho torcedor e a copa do dualismo (2014)

O Jovem Torcedor e a Copa de 1958

A Copa do Coração (a do tetracampeonato)

O Velho Torcedor e o Novo Maracanã

Pergunta sem Resposta

Torcendo e Sobrevivendo

O velho torcedor descansa

A Volta do Velho Torcedor

“Sírvame otra copa”

O PRATICANTE AMADOR

A várzea nos tempos de Heliópolis

Operário Campeão!

Meus netos e o soccer

Jogo de Botões

A ACM e os Primórdios do Futsal

O ijk

IBMistas na várzea de São Paulo

O Caxinguelê

EPÍLOGO

Ontem, hoje, amanhã

O AUTOR


O que espero deste livro é que cada leitor ou leitora  aprecie meus comentários e que minhas histórias de torcedor e de praticante lhe tragam recordações de suas próprias experiências.

Washington Luiz Bastos Conceição


Nota:

·         No caso de e-books, a inscrição no programa KDP unlimited da Amazon, que possibilita a leitura gratuita de mais de um milhão de e-books, é oferecida pela mensalidade de R$19,90 com promoções; pode ser cancelada “a qualquer momento”.



quarta-feira, 22 de maio de 2024

Do Cartão Perfurado à Inteligência Artificial

Um assunto quase obrigatório em qualquer conversa séria é, nestes dias, a IA (inteligência artificial) ou AI (Artificial Intelligence).

Confesso minha ignorância quanto ao que é considerado um produto de IA ou é mais uma dessas extraordinárias aplicações a que venho sendo apresentado quase diariamente. Volta e meia, uma surpresa.

Leilah, minha esposa, e eu tínhamos, havia vários anos, um aparelho de televisão de boa marca, de bom tamanho, de imagem HD (alta definição) que nos satisfazia. Éramos (e continuamos sendo) espectadores de cinema, na happy hour, e de futebol (eu) e de tênis (ambos).

Há uns seis meses surgiu uma oportunidade de uma compra com pontos gerados por cartão de crédito e fomos aconselhados a comprar um aparelho de televisão para substituir o antigo. Orientado por nossa filha e nosso genro, fizemos a aquisição, sabendo apenas que era uma “televisão esperta”. Nossos conselheiros vieram instalá-la e fizemos as conexões que já tínhamos com a outra. Constatamos que o tamanho da tela era o mesmo e a imagem era melhor, mas não conhecíamos todos seus  recursos.

Lampeiros, passamos a usar os aplicativos de cinema, os canais de TV e a conexão com o Ipad da Leilah.

Depois de algum tempo, resolvi testar o Alexa (da Amazon), um dos  aplicativos oferecidos pelo aparelho. Fiz alguns comandos e, sabendo da conexão com nossa rede interna (wifi), eu quis verificar se poderia ler e-books na televisão. Falei bem alto: “Alexa, abra o Kindle”. “Ela” obedeceu e imediatamente passou a ler o e-book que eu estava lendo no tablet, exatamente no ponto que eu tinha interrompido. Fiz depois vários testes com outros livros, e “ela” leu livros em Inglês e Espanhol. Vi, nesta aplicação, claramente, um software de IA.


Lido, há muito tempo, com os computadores; no trabalho, fui analista de sistemas, vendedor, participante em projetos internacionais e consultor; e, na aposentadoria, sou apenas usuário. Pude, então, observar a constante evolução do software. Por exemplo, do Word, processador de textos que uso há décadas. Hoje, ao escrever, podendo escolher tamanho de página, tipo de letra (fonte), cor, formato de parágrafo, construir índice etc., posso também comandar a edição (correção do texto, não só ortográfica como gramatical), a tradução do texto para vários idiomas (tradução básica, mas ajuda) e mais, o que passei a usar recentemente, posso ditar para o computador e posso pedir ao Word para ler meu texto. Vejo muita inteligência nesse software.

Fico admirado, também, com minha proeza de publicar livros, impressos e e-books, editando-os. Eu, um nonagenário que nunca se envolveu com artes gráficas, consigo produzir arquivos de texto, devidamente formatados e, até, capas de livros, atendendo as exigências das gráficas. Na minha preparação do material, uso, além do Word, o Powerpoint (software de apresentações com recursos gráficos), o Paint.net (editor de imagem) e o ILovePdf (conversor de arquivos). No processo de publicação, as gráficas oferecem a visão prévia (eletrônica) do livro, texto (miolo) e capa. Vejo, também, muita inteligência nesse software todo.

Quanto aos aplicativos, disponíveis nos computadores e, especialmente, nos telefones celulares, aparelhos multifuncionais que tornaram obsoletos vários outros que nos acompanharam até pouco tempo atrás, a inteligência do software é extraordinária.


A IA, um avanço tecnológico que aparenta estar saindo do controle humano é, ao mesmo tempo, admirado e muito temido pela possibilidade que oferece de todo tipo de ação criminosa. Para mim, é um avanço extraordinário das tecnologias de informação e das comunicações, acelerado principalmente pelo processamento eletrônico de imagens, de movimentos, de reconhecimento de voz e da disponibilidade de uma base de dados praticamente infinita.

O pouco que estou sabendo do assunto é da leitura do livro “Inteligência Artificial para leigos” (“Artificial Intelligence for dummies”) que está servindo para que minha ignorância não seja total.

Por enquanto, vejo semelhanças ao que chamamos hoje de Tecnologia da Informação, que já foi chamada Informática e, antes, Processamento de Dados. Elementos chave da IA, como a base de dados (e sua análise), os algoritmos e o hardware especializado são, basicamente, aqueles da Informática que evoluíram vertiginosamente em abrangência e capacidade.


Rememoro, agora, a evolução da Informática, que acompanhei de perto.

Minha iniciação em sistemas de processamento de dados, aconteceu na IBM, em 1959. Fui admitido pela empresa quando ela contratou profissionais com formação em cursos universitários de base matemática, necessários para a comercialização no Brasil dos novos equipamentos de processamento de dados, denominados, então,  computadores eletrônicos e, na mídia em geral, “cérebros eletrônicos”.

A IBM já era fornecedora no Brasil, havia mais de 40 anos, de equipamento eletromecânico para o processamento de dados de grandes empresas e organizações governamentais, o que envolvia grande quantidade de informação e requeria resultados rápidos. Os dados para o processamento eram enviados pelos vários departamentos para a “Seção Mecanizada” em documentos escritos manualmente ou datilografados. À vista desses documentos, esses dados eram registrados em cartões de cartolina especial mediante perfurações, por operadoras (eram mulheres na maior parte dos casos) de máquinas com teclado semelhante ao de máquinas de escrever. A seguir, eram levados por outros operadores a cada uma das máquinas do conjunto (que não eram interligadas), para serem processados. O processamento consistia na preparação necessária dos dados (organização, cálculos, intercalação com cartões de cadastros) e, finalmente, na obtenção dos documentos e relatórios impressos. Portanto, a passagem dos dados de uma  máquina para outra era humana, por transporte dos cartões. Os cálculos e decisões lógicas necessárias eram realizadas pelas máquinas, seguindo comandos especificados em seus painéis de controle, devidamente preparados por operadores seniores. Eram aplicações, portanto, da inteligência humana, tanto na construção do hardware como nos comandos dos painéis.


Com a evolução da tecnologia, as máquinas eletromecânicas isoladas foram substituídas por máquinas eletrônicas interligadas por cabos. Basicamente, a unidade central de processamento e as unidades de entrada e saída de dados (leitora e perfuradora de cartões, unidades de fitas e discos magnéticos, e impressoras). Inicialmente, os computadores utilizavam válvulas, a seguir circuitos impressos e, depois, “chips” (pastilhas de silício com microcircuito integrado). Quando a IBM lançou o seu sistema IBM/360, em 1964, os chips tinham o tamanho da unha de um polegar de adulto; hoje, aperfeiçoados, os chips são diminutos e têm capacidade muito maior.

Quanto à entrada de dados, os cartões perfurados continuaram em uso por muito tempo, até serem totalmente substituídos por digitação em terminais das redes de computadores. Os dados de arquivos passaram a ser registrados em rolos de fitas magnéticas e discos magnéticos, principalmente. As impressoras, ligadas ao computador, foram dispensadas de tabulações e aperfeiçoadas, com novos dispositivos, na velocidade de impressão e na extensão de uso de letras minúsculas e caracteres especiais.

Os comandos de painéis foram substituídos por instruções de programas com uma vantagem imensa de recursos de operações matemáticas e lógicas. Os programas, inicialmente em “linguagem de máquina”, passaram a ser feitos em linguagens simbólicas, possibilitando maior produtividade e qualidade dos programas e a execução de aplicações sofisticadas.

Concomitantemente, o desenvolvimento das comunicações permitiu o teleprocessamento, ou seja, o processamento à distância mediante terminais; inicialmente, unidades com teclado e um visor, sem processamento próprio, depois substituídos por microcomputadores. O teleprocessamento das empresas era interno, mas se estendia a diferentes locais por linhas telefônicas. Finalmente, com a criação da Internet, o teleprocessamento se estendeu a toda a população do globo terrestre.


Ao longo dessa evolução, pode-se observar claramente a transferência de ações e decisões humanas para as máquinas, com ganhos extraordinários em precisão e rapidez. Entretanto, permanece a necessidade de fornecer informações aos computadores, seja de forma manual ou por aparelhos; os programas, aplicativos e algoritmos  precisam ser preparados; a base de dados tem de ser construída e atualizada, os equipamentos de computação e de comunicações precisam ser aperfeiçoados e mantidos, de forma que os resultados do processamento devam servir aos objetivos. Vejo muita dependência, ainda, da inteligência humana, no software e no hardware.

Está havendo um esforço para a construção de uma rede eletrônica de neurônios que tenha a mesma capacidade do cérebro humano. Já está se falando em AAI (“Autonomous Artificial Intelligence”).

Contudo, entendendo que, por mais que se consiga avançar na IA, sempre será uma criação do “homo sapiens”, repito o que declarei numa reunião de amigos: “Se a inteligência é artificial, é resultado do trabalho do artífice.”

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

  • O criador do cartão IBM foi Hermann Hollerith, um empresário norte-americano nascido em 1860. Seu sobrenome foi utilizado em São Paulo, por muitos anos, como denominação do cheque de pagamento ao pessoal em empresas e outras organizações.
  • O livro “Inteligência Artificial Para Leigos” é de autoria de John Paul Mueller e Luca Massaron. Alta Books. Edição do Kindle.
  • Quando o livro entra em detalhes, como na técnica de construção de algoritmos, usando novo jargão e novos tipos de diagramas (sou do tempo dos fluxogramas e diagramas de blocos), passo a outro capítulo.

 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Os livros bilingues - ampliação do cardápio

Em notícia anterior neste blog, após anunciar o livro bilingue Espanhol-Português, o “Una pareja de ancianos no tempo do vírus”, fiz um pré-anúncio. Escrevi:

“Estão, portanto, disponíveis as edições nos três idiomas e os bilingues Inglês-Português e Espanhol-Português. Como as combinações de três objetos dois a dois são três, estou preparando a publicação do bilingue Inglês-Espanhol.”

Faço o anúncio, hoje, do “Una pareja de ancianos in the time of the vírus”, nas versões impressa e digital (e-book).

O cardápio da história do casal de idosos foi, portanto, ampliado:


Livros com a história de como um casal de idosos enfrentou os rigores da pandemia Covid-19 e sobreviveu

 Para quem quiser ler em Português e Inglês:


 Para quem quiser ler em Espanhol e Inglês:


Para quem quiser ler em Português e Espanhol:


Para quem quiser ler somente em Português:

 

 Para quem quiser ler somente em Inglês:


 Para quem quiser ler somente em Espanhol:


 Disponíveis

No Brasil: Amazon.com.br (e-book e impresso) e

Loja Uiclap (impresso)

Em outros países: Amazon.com e lojas Amazon locais


Registrei os e-books no programa “KDP Unlimited” da Amazon, o que significa que, além de estar à venda por um precinho camarada, para os leitores inscritos nesse programa os e-books são emprestados a preço zero.

Volto a declarar::

“O prazer maior de quem escreve é ser lido. Se este grupo de livros monolíngues  e bilíngues interessar aos leitores em geral, a escolas de idiomas e a empresas, ficarei muito satisfeito.”

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

  • Para acessar os livros, basta pesquisar pelos títulos ou pelo autor: “Washington Luiz Bastos Conceição”.
  • As editoras não indicam edições como bilingues, indicam um dos idiomas. A indicação de edição bilingue está na capa do livro.
  • A inscrição no programa KDP Unlimited da Amazon é oferecida com trinta dias de teste grátis e a mensalidade de R$19,90 após a promoção; pode ser cancelada “a qualquer momento”.


quarta-feira, 3 de abril de 2024

O velho escritor e seus livros bilingues

Quando reuni as crônicas sobre o que passamos, minha esposa e eu, durante o isolamento social requerido pela pandemia Covid-19, senti que tinha uma história para contar. Esta se tornou um registro do que sofreram as pessoas de condições de vida semelhantes à nossa. Publiquei, então, o pequeno livro “Um casal de idosos no tempo do vírus”. A seguir, considerando que o isolamento social aconteceu no mundo todo, decidi publicar o livro em Inglês: “An elderly couple in the time of the vírus”.

A disponibilidade do livro nos dois idiomas me fez pensar nas pessoas que, conhecendo um dos idiomas, quisesse se exercitar na leitura do outro. Elas poderiam ler uma crônica no livro do idioma conhecido e, a seguir, a mesma crônica no outro livro, o que lhe facilitaria a compreensão do texto no segundo idioma.

Considerando o inconveniente da pessoa ter de mudar de livro com frequência, decidi reuni-los em uma só publicação, intercalando as crônicas correspondentes (ou seja, juntando as duas versões de cada uma).

Em 2023 publiquei o “An elderly couple no tempo do vírus” (bilingue até no título) nas versões impressa e e-book.

Sei que meus leitores habituais já ouviram essa história antes; o que há de novo vem a seguir.


Quando anunciei meu livro bilingue Inglês-Português neste blog, alguns amigos acharam uma boa ideia. São pessoas que, como eu, leem livros em Inglês e outros idiomas, além do Português.

Pensei em traduzir o livro para outro idioma em que eu pudesse preparar o texto a ser aperfeiçoado por um revisor, como aconteceu na publicação em Inglês. Esse idioma foi o Espanhol, um dos mais falados no mundo.

Assim, acabo de publicar o bilingue “Una pareja de ancianos no tempo do vírus”, e a edição em Espanhol “Una pareja de ancianos em tiempos de vírus”. Ambos, nas versões impressa e e-book, estão disponíveis nacional e internacionalmente.

Estão, portanto, disponíveis as edições nos três idiomas e os bilingues Inglês-Português e Espanhol-Português. Como as combinações de três objetos dois a dois são três, estou preparando a publicação do bilingue Inglês-Espanhol.

Considerando a natureza do livro – sua atualidade, sua sequência de crônicas ao longo dos meses e, especialmente, seu registro para a história social, pretendo fazer uma divulgação apropriada.

Sinto que, com cinco publicações da mesma história, tenho de apresentar um cardápio para os possíveis interessados, nos três idiomas:










O prazer maior de quem escreve é ser lido. Se este grupo de livros monolíngues e bilíngues interessar aos leitores em geral, a escolas de idiomas e a empresas, ficarei muito satisfeito.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

  • Para acessar os livros, basta pesquisar pelos títulos ou pelo autor: “Washington Luiz Bastos Conceição”.
  • As editoras não indicam edições como bilingues, indicam um dos idiomas. A indicação de edição bilingue está na capa do livro.

sexta-feira, 15 de março de 2024

O casal de idosos e o celular

Há vários meses, Leilah, minha esposa, e eu estávamos sentados em nossa saleta, extensão do “living room”, onde passamos uma parte da tarde, a “happy hour” (ao anoitecer), e onde assistimos ao cinema em casa na televisão. Lá, também, temos a tranquilidade para conversar sobre os mais diversos assuntos. Desta vez, o assunto foi nossa habilidade em usar o telefone celular.

Comecei assim:

- Leilah, não me conformo com a dificuldade que tenho no uso do celular, pois lido há tanto tempo com computadores – desde quando entrei na IBM em 1959 – e continuo fazendo muita coisa no computador, especialmente no que se relaciona com meus escritos, correspondência e planilhas de cálculo.

Leilah comentou:

- Bem, comigo acontece coisa parecida. Nada, porém, tão estressante como a troca de celular que fiz há dois meses. Você acompanhou, você até teve de  me acalmar. Lembra-se que naquele livro do Renato Alves ele menciona a troca de celular como uma  atividade altamente perturbadora?

- É mesmo. Houve a agravante dos técnicos da loja fazerem a transferência de dados do aparelho velho para o novo em duplicidade – com milhões de fotografias que você não queria perder. E nosso genro gastou um tempão para resolver o problema para você.

- E, depois, ainda tive aquela dificuldade em receber telefonemas no celular novo. Os filhos reclamavam: “Mãe, tentei chamar a senhora mas seu telefone deu ‘fora de área’”. Descobrimos, então, que as ligações eram dirigidas pela nossa rede interna (wifi) ao telefone velho, que estava ligado, funcionando como um pequeno computador ligado à internet; como ele não era mais um telefone, a ligação não acontecia. Resolvemos, mas não foi fácil...

- Reconheço, claro, que o celular é uma ferramenta extraordinária, de alcance global, e já não podemos dispensá-lo. Uso muito os recursos de telefonia móvel, da troca de mensagens pelo WhatsApp, do e-mail, da internet, todos de alcance mundial, além da leitura de e-books e alguns outros aplicativos. Confesso, entretanto, que opero melhor com o teclado do computador, pois sou desajeitado ao tocar a tela do celular com meus velhos dedos. Há, ainda, a necessidade de atenção redobrada ao passar os dedos pela tela, pois é muito fácil fazer algo indesejado (por exemplo, chamar acidentalmente uma pessoa pelo WhatsApp). O corretor ortográfico deste aplicativo, altamente intrometido, também requer uma atenção especial, especialmente quem procura escrever normalmente, corretamente, suas mensagens.

Leilah mantém a conversa:

- Depois de toda longa experiência com a informática, lidando com sistemas variados na gerência de TI de empresas e, depois, nos serviços de  consultoria, eu não me conformo em não dominar o dispositivo. Tento aprender. Não tenho problemas no uso do computador e do Ipad, embora encontre dificuldades com alguns sites de compras que me dão trabalho, mas a incompetência é deles.

E a conversa prosseguiu com comentários sobre a habilidade dos mais jovens – e até das crianças – no uso dos celulares, com o que, se já não estivéssemos conformados com as dificuldades físicas trazidas pela idade, ficaríamos humilhados.

No final da conversa concluímos que nosso consolo é que as cabeças continuam boas, escrevemos bem e tiramos muito proveito do fantástico aparelho.


Hoje, volto a pensar no proveito que estamos tirando, Leilah e eu, do nosso uso dos celulares, muito desse uso forçado pelas organizações, públicas e privadas, com as quais interagimos. E me admiro de quanto dependemos dos pequenos e poderosos aparelhos.

Lembrei-me de crônica que publiquei em 2017, em que menciono os benefícios que tínhamos – e continuamos tendo – com o uso dos celulares. Abaixo, transcrevo parte daquela crônica:

“Passei a relacionar mentalmente o que temos feito, nós mesmos, eu e minha mulher, por meio do WhatsApp: comunicamo-nos rapidamente com os filhos e amigos, individualmente e em grupos, tanto para tratarmos de assuntos sérios como para “bater um papo” à distância (alguns estão mesmo longe, em outro país); complementamos as consultas médicas informando o profissional sobre a evolução de um tratamento, pedidos ou resultados de exames ou um mal-estar súbito (já enviei, certa vez, foto de um pequeno ferimento na perna para primeira avaliação da geriatra); fazemos pedidos de pequenas compras às diaristas, para trazerem na vinda para nossa casa (o que é muito conveniente para idosos).

Bem, até agora falei só do WhatsApp, mas lembremo-nos de que o celular é, também, computador de bolso ligado à internet, gravador de som, câmera fotográfica e de vídeo, e relógio. E mais, uma coleção de livros, prontos para você ler onde quiser, quando quiser, bastando para isso baixar um aplicativo tipo “Kindle”.

Como câmera, temos utilizado muito o celular para registrar e ilustrar comunicações de eventos; almoços e festas de aniversário, por exemplo. Este recurso serve também para ilustrar mensagens nas mais variadas atividades profissionais. Recentemente, na reforma de um apartamento, usamos fotos para registrar as condições dos tubos de água. Em outra oportunidade, para envernizar uma bancada em nossa sala, tivemos de desconectar os fios de uma instalação de aparelhos de televisão e de som, com seus periféricos; fotografamos previamente a situação das conexões originais para reconstituí-las corretamente.

Como computador, o celular tem substituído, pelo menos parcialmente, os desktops e laptops. Um dos companheiros de nosso almoço periódico de aposentados ex-IBM declarou que todo trabalho e leitura que fazia no computador faz agora no celular.

Ligado à internet, o aparelho oferece uma enciclopédia de bolso.”

Curioso, não destaquei o seu uso original de comunicação telefônica móvel...

Sei que não contei novidade alguma, quase todas as pessoas que conheço fazem semelhante e amplo uso do celular; e as crianças, intensamente, com jogos de todo tipo. Para nós idosos, porém, está implícita a comparação: como fazíamos antes? Era muito diferente.

Hoje, quase sete anos depois, tenho algo a acrescentar?

Certamente, o uso dos aplicativos se tornou mais abrangente e intensivo, há operações de bancos, por exemplo, que exigem o uso do celular, além do computador, o que obriga as pessoas a adquirirem o aparelho.

Intensificou-se o abuso das chamadas indesejadas (SPAM’s) e, terrivelmente, as tentativas de golpes de toda a natureza, criativas e perigosas.

Na troca de mensagens e vídeos, há dúvidas sobre a veracidade da informação e desconfiança dos vídeos que podem ser produtos enganosos de Inteligência Artificial. Temos de estar sempre atentos.

Em resumo, a consideração básica é: o uso do celular traz vantagens para os idosos? Analisando os benefícios e dificuldades, o balanço é positivo?

Quando vejo a satisfação da Leilah ao se comunicar com os netos distantes e, particularmente, quando recebe um vídeo do neto carioca que está estudando em Paris, não tenho dúvida.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

!. O título do livro de Renato Alves, mencionado em nosso diálogo, é: "Os segredos para ter memória forte e cérebro sempre jovem".

2. Para ler minha crônica publicada em 2017, o link é:

http://washingtonconceicao.blogspot.com/2017/08/pequeno-poderoso-e-indispensavel.html