Na manhã agradavelmente fresca de outubro, o velho casal foi muito bem recebido, por uma amiga, no portão da Escola Americana. Amiga que, colega dos filhos do casal, é hoje professora na escola onde estudou. Dois funcionários acomodaram os velhinhos em cadeiras de rodas e os conduziram pelos blocos da edificação, um trajeto complexo por corredores e terraços, que incluiu uso de elevadores; chegaram, afinal, a uma sala em que o velho escritor iria fazer uma apresentação a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês.
A cara leitora ou prezado leitor já percebeu,
provavelmente, quem era o velho escritor.
Publiquei meus livros bilíngues com a história do casal de idosos no tempo da pandemia Covid-19, com o objetivo de oferecer aos leitores, além do descrição da vida do casal durante aquele terrível período, a facilidade de exercício de leitura em outro idioma que não o seu (Inglês, Espanhol e Português).
Pensei em ampliar sua divulgação, ou seja, estendê-la além daquela que faço aos leitores de meu blog. Comecei essa atividade fazendo contato com a Escola Americana do Rio de Janeiro, onde estudaram meus filhos. Recorri à colega e amiga deles, acima mencionada, que, muito atenciosamente, me pôs em contato com a bibliotecária da Escola, a quem também devo agradecer por sua atenção e receptividade. A esta pareceu que o assunto poderia interessar a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês na Escola. Combinamos que eu faria uma apresentação a esse grupo e seu professor.
Preparei-me
para a apresentação considerando as particularidades do grupo: não seriam
muitas pessoas, haveria homens e mulheres, não haveria apenas brasileiros. Eram
pais de alunos da Escola como eu fui, há décadas, provavelmente com as mesmas atividades e os mesmos objetivos. Então, no caso deles, eu não iria apenas tratar do assunto
dos livros bilíngues, teria também de comentar a expectativa de estudo dos
filhos após a graduação na “high school” (eles ficariam no Brasil ou iriam para
universidades no exterior?); além disto, teriam eles, os pais e filhos, a
possibilidade de passar uma temporada no exterior, como aconteceu com minha
família? Como tive essas experiências, acrescentei esses tópicos à
apresentação, com menção aos livros que escrevi a respeito, o que incluiu
também na apresentação minha atividade de escrever e publicar livros.
Leilah,
eu e Luiz, nosso filho mais velho que se juntou a nós, fomos recebidos na sala
de aula pelo professor e um assistente, ambos americanos. Acomodei-me a uma
cadeira, junto a uma pequena mesa, onde pude colocar meu
papel com o roteiro da palestra e alguns livros que levei para exibir.
Eu havia
programado fazer a exposição nos 15 minutos finais da aula, ficando, a seguir,
à disposição do grupo para responder a perguntas e ouvir comentários daqueles
que pudessem permanecer além do horário da aula.
De
início, fiz a apresentação do casal, destacando nossa condição, como pais de quatro ex-alunos, de uma
espécie de “colegas” mais velhos deles e mencionei a presença do Luiz.
Contei
que passei a escrever aos 76 anos, quando parei de trabalhar, destacando
inicialmente o livro sobre a temporada da família em Chicago, experiência de
vida nos Estados Unidos, muito importante para o casal, e que nos levou a
encaminhar os filhos à Escola Americana. Falei da evolução de meu trabalho, ao
escrever crônicas em meu blog e ao publicar e-books e livros impressos por
encomenda (“on demand”). Destaquei também o livro “O casal de idosos no tempo o
vírus”, enfatizando o depoimento, em crônicas, sobre a vida do casal em
isolamento social registrando, também, a evolução da pandemia, desde os dias
tenebrosos em que eram noticiados números crescentes de casos de contaminação e de mortes, no País e no
mundo, até chegarmos à situação da “nova normalidade”. Contei que, após publicá-lo em
Português, decidi escrever, considerando o alcance global da pandemia, sua
versão em Inglês e, depois, em Espanhol, recorrendo às revisões de qualidade por
um dos filhos e por um amigo argentino, respectivamente. E que essas publicações me levaram a
juntar os livros, dois a dois, em livros bilíngues, para facilitar o exercício
de leitura nos três idiomas.
Fechando
a palestra, passamos à sessão de perguntas e respostas.
Houve
perguntas, fiz os esclarecimentos necessários, e a sessão se prolongou por mais
algum tempo. Para informação do grupo, distribuí um pequeno folheto (duas
páginas) com informações sobre os livros mencionados, meu endereço de e-mail e
os links do blog e do catálogo de meus livros.
A reunião
foi encerrada com uma despedida atenciosa; recebi um certificado de
participação no curso, pela apresentação, e um brinde da Escola.
À saída,
Leilah. Luiz e eu tivemos uma atenção especial do professor, da bibliotecária e
de nossa amiga. Esta nos acompanhou até o portão.
Foi uma
interação muito agradável e interessante, na qual a condição do casal idoso foi
muito apreciada.
Pretendo
me manter em contato com a Escola para dar continuidade aos assuntos tratados
com a bibliotecária. E percebi que tenho outro motivo, bem forte: as lembranças de
nossa interação no tempo em que meus filhos lá estudaram: Leilah levando as
crianças de manhã antes do ir para o trabalho; o casal participando de reuniões
com professores e acompanhando as várias atividades esportivas dos meninos;
minha participação de um acampamento de escoteiros; o casal feliz e emocionado
nas solenidades de formatura...
São recordações preciosas de uma das fases da vida em que Leilah e eu nos dedicamos fortemente ao desenvolvimento dos filhos e à construção da família.
Washington Luiz Bastos Conceição
Parabéns Washington pela iniciativa e coragem de mostrar sua história de vida e sucesso junto a sua família. Missão cumprida!!!!
ResponderExcluirMuito orgulho deste "velho escritor", eu até comentaria que é um jovem escritor experiente! Há 16 anos, nos dando as oportunidades de ler suas histórias!
ResponderExcluirParabéns, senhor Washington. A criatividade aumentada com o passar dos anos.
ResponderExcluirObrigado Washington! Escola Americana do Rio de Janeiro merece essas boas palavras!
ResponderExcluirDe meu sobrinho Fernando: Tio, fiquei emocionado com a forma como você reviveu lembranças tão significativas, como os momentos em que levavam seus filhos à escola e participavam das atividades. Parabéns por sua incrível capacidade de nos tocar e nos fazer refletir sobre o valor das nossas histórias.
ResponderExcluirDo meu primo Luiz Cezar: Gostei muito, Washington. Muito admiro o seu talento e a disposição que embalam seu trabalho e revelam toda a sua vocação para a comunicação, pelo compartilhamento do saber, do sentir e da experiência.
ResponderExcluirMuito importante a sua volta à escola, acompanhado de Leilah e Luiz, agora para colaborar com a instituição, repassando sua rica história, para abrir perspectivas aos mais novos a respeito da grande importância da integração família/escola.
Alertado pela descrição que fez da recepção na escola, permita-me perguntar - você está usando cadeira de rodas?
Caro Luiz Cezar:
ExcluirHabitualmente não. Uso cadeira de rodas em aeroportos. Normalmente, recorro a bengala quando tenho de enfrentar degraus. Leilah usa bengala ou andador de três rodas, dependendo da situação. Porém, o percurso na escola era complexo.
Pois é pai…uma das minhas estórias preferidas sempre foi explicar como acabei estudando na Escola Americana: Na época que as multinacionais estavam descobrindo o Brasil o meu pai trabalhava na IBM. Os filhos dos “ex-pats” (os expatriados americanos e europeus com direito a apartamento na Vieira Souto, carro importado e motorista, tudo por conta da companhia) punham seus filhos na EA, cortesia da multinacional. O meu pai via aquilo e achou perguntando ao seu gerente na IBM — como é que eu faço para meus filhos estudarem lá também? Faltando regras bem definidas, o gerente chutou: olha, infelizmente eles teriam que falar inglês fluentemente. Então meu pai arruma um “foreign assignment” em Chicago for um ano e pouco, onde os seus filhos aprendem a falar inglês fluentemente. E o resto, como se diz nos EUA, is history…
ResponderExcluirMeu filho: Essa sua estória, contada de um ponto de vista diferente, mostra que, quando você se aposentar, vai usar sua tendência para a ficção e o que aprendeu de letras em Stanford além de Engenharia. E poderá escrever, também, livros bilíngues.
ExcluirParabéns meu tio por mais esta etapa! Muito orgulho! ❤️
ResponderExcluirQue experiência diferente, não? Falar sobre seus livros para um público... essa revisita de escolas onde os filhos estudaram é sempre carregada de saudades... vejo crianças com uniforme onde o meu filho estudou e relembro trajetos, reuniões, festas... muito bom!
ResponderExcluirComo fico feliz de saber, mais uma vez, das histórias bem sucedidas da família Conceição, e ver vocês tão ativos, e brilhantemente divulgar seus livros. Tenho muito orgulho de ser amiga de vocês. Grande exemplo!
ResponderExcluirA EARJ ama receber ex-alunos, no entanto não é tão comum receber os pais de ex-alunos, o que tornou a visita tão especial. Compartilhar suas experiências com os pais atuais foi enriquecedor para todos. Seus livros foram incorporados à biblioteca do “upper school“ na Gávea e fazem parte da lista de obras da família EARJ; alunos, ex-alunos, professores e pais de alunos. Muito obrigada pela visita Washington, foi um prazer conhecer você e Leilah!
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