domingo, 20 de outubro de 2024

O casal de idosos visita a escola dos filhos

Na manhã agradavelmente fresca de outubro, o velho casal foi muito bem recebido, por uma amiga, no portão da Escola Americana. Amiga que, colega dos filhos do casal, é hoje professora na escola onde estudou. Dois funcionários acomodaram os velhinhos em cadeiras de rodas e os conduziram pelos blocos da edificação, um trajeto complexo por corredores e terraços, que incluiu uso de elevadores; chegaram, afinal, a uma sala em que o velho escritor iria fazer uma apresentação a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês.

A cara leitora ou prezado leitor já percebeu, provavelmente, quem era o velho escritor.


Publiquei meus livros bilíngues com a história do casal de idosos no tempo da pandemia Covid-19, com o objetivo de oferecer aos leitores, além do descrição da vida do casal durante aquele terrível período, a facilidade de exercício de leitura em outro idioma que não o seu (Inglês, Espanhol e Português).

Pensei em ampliar sua divulgação, ou seja, estendê-la além daquela que faço aos leitores de meu blog. Comecei essa atividade fazendo contato com a Escola Americana do Rio de Janeiro, onde estudaram meus filhos. Recorri à colega e amiga deles, acima mencionada, que, muito atenciosamente, me pôs em contato com a bibliotecária da Escola, a quem também devo agradecer por sua atenção e receptividade. A esta  pareceu que o assunto poderia interessar a um grupo de pais de alunos que está tendo aulas de Inglês na Escola. Combinamos que eu faria uma apresentação a esse grupo e seu professor.

Preparei-me para a apresentação considerando as particularidades do grupo: não seriam muitas pessoas, haveria homens e mulheres, não haveria apenas brasileiros. Eram pais de alunos da Escola como eu fui, há décadas, provavelmente com as mesmas atividades e os mesmos objetivos. Então, no caso deles, eu não iria apenas tratar do assunto dos livros bilíngues, teria também de comentar a expectativa de estudo dos filhos após a graduação na “high school” (eles ficariam no Brasil ou iriam para universidades no exterior?); além disto, teriam eles, os pais e filhos, a possibilidade de passar uma temporada no exterior, como aconteceu com minha família? Como tive essas experiências, acrescentei esses tópicos à apresentação, com menção aos livros que escrevi a respeito, o que incluiu também na apresentação minha atividade de escrever e publicar livros.


Leilah, eu e Luiz, nosso filho mais velho que se juntou a nós, fomos recebidos na sala de aula pelo professor e um assistente, ambos americanos. Acomodei-me a uma cadeira, junto a uma pequena mesa, onde pude colocar meu papel com o roteiro da palestra e alguns livros que levei para exibir.

Eu havia programado fazer a exposição nos 15 minutos finais da aula, ficando, a seguir, à disposição do grupo para responder a perguntas e ouvir comentários daqueles que pudessem permanecer além do horário da aula.

De início, fiz  a apresentação do casal, destacando nossa condição, como pais de quatro ex-alunos, de uma espécie de “colegas” mais velhos deles e mencionei a presença do Luiz.

Contei que passei a escrever aos 76 anos, quando parei de trabalhar, destacando inicialmente o livro sobre a temporada da família em Chicago, experiência de vida nos Estados Unidos, muito importante para o casal, e que nos levou a encaminhar os filhos à Escola Americana. Falei da evolução de meu trabalho, ao escrever crônicas em meu blog e ao publicar e-books e livros impressos por encomenda (“on demand”). Destaquei também o livro “O casal de idosos no tempo o vírus”, enfatizando o depoimento, em crônicas, sobre a vida do casal em isolamento social registrando, também, a evolução da pandemia, desde os dias tenebrosos em que eram noticiados números crescentes de casos de contaminação e de mortes, no País e no mundo, até chegarmos à situação da “nova normalidade”. Contei que, após publicá-lo em Português, decidi escrever, considerando o alcance global da pandemia, sua versão em Inglês e, depois, em Espanhol, recorrendo às revisões de qualidade por um dos filhos e por um amigo argentino, respectivamente. E que essas publicações me levaram a juntar os livros, dois a dois, em livros bilíngues, para facilitar o exercício de leitura nos três idiomas.

Fechando a palestra, passamos à sessão de perguntas e respostas.

Houve perguntas, fiz os esclarecimentos necessários, e a sessão se prolongou por mais algum tempo. Para informação do grupo, distribuí um pequeno folheto (duas páginas) com informações sobre os livros mencionados, meu endereço de e-mail e os links do blog e do catálogo de meus livros.


A reunião foi encerrada com uma despedida atenciosa; recebi um certificado de participação no curso, pela apresentação, e um brinde da Escola.

À saída, Leilah. Luiz e eu tivemos uma atenção especial do professor, da bibliotecária e de nossa amiga. Esta nos acompanhou até o portão.

Foi uma interação muito agradável e interessante, na qual a condição do casal idoso foi muito apreciada.


Pretendo me manter em contato com a Escola para dar continuidade aos assuntos tratados com a bibliotecária. E percebi que tenho outro motivo, bem forte: as lembranças de nossa interação no tempo em que meus filhos lá estudaram: Leilah levando as crianças de manhã antes do ir para o trabalho; o casal participando de reuniões com professores e acompanhando as várias atividades esportivas dos meninos; minha participação de um acampamento de escoteiros; o casal feliz e emocionado nas solenidades de formatura...

São recordações preciosas de uma das fases da vida em que Leilah e eu nos dedicamos fortemente ao desenvolvimento dos filhos e à construção da família.

Washington Luiz Bastos Conceição