sexta-feira, 7 de junho de 2024

Futebol – O espetáculo

Evento esportivo maior marcado para primeiro de junho de 2024, às 16 horas de Brasília: a final da “Champions League”, em Londres, no estádio de Wembley, partida de futebol entre os clubes Borussia Dortmund, da Alemanha, e Real Madri, da Espanha.

Eu não podia perder a transmissão do jogo, ao vivo, pela televisão! Não perdi.

Com o mesmo interesse de milhões de espectadores que assistiram pela televisão a shows como o de Paul McCartney, no Maracanã, e o de Madonna, na praia de Copacabana, lá estava eu, na saleta de meu apartamento, acompanhando o desenrolar de um jogo realizado entre jogadores altamente destacados no futebol mundial, dirigidos por técnicos da maior competência.

Para chegarem à final, os dois times tiveram de vencer adversários europeus de melhor desempenho em seus respectivos países, que também contam com jogadores valiosos de seleções nacionais do mundo todo; gigantes, como o Manchester City, da Inglaterra, e o Paris Saint Germain, da França.

O Real Madri, campeão espanhol desta temporada, era o favorito, ou seja, era considerado o provável vencedor pelos críticos, mas não dava para o torcedor do Real ficar tranquilo, pois o futebol, com frequência, tem resultados surpreendentes.

Eu torci pelo Real, um dos meus times preferidos na Europa, especialmente nestes anos em que nele atuam alguns excelentes jogadores brasileiros.

Nos primeiros 45 minutos do jogo (o primeiro tempo), o Borussia foi mais perigoso, quase marcou um gol quando a bola se chocou (“caprichosamente”, como os narradores costumam falar) com a trave; o Real teve mais posse de bola, mas o Borussia se defendeu muito bem. Eu, o velho torcedor, não estava muito otimista.

No segundo tempo o jogo permaneceu equilibrado de início, mas o Real passou a jogar melhor, a atacar mais, especialmente com investidas perigosas do brasileiro Vinícius Junior. Demorou mais de meia hora, mas o primeiro gol (do lateral Carbajal, de cabeça, após cobrança de escanteio) trouxe alívio para o velho torcedor; quando, um pouco depois, aproveitando uma falha no passe dos adversários, o Vinícius marcou o segundo gol, ficou muito difícil para o Borussia empatar o jogo, que terminou dois a zero.

A comemoração dos jogadores e do técnico do Real foi emocionante, pois eles foram à arquibancada abraçar a família e amigos e permaneceram no campo, aparentando viver um grande sonho. Foi a décima quinta conquista da “Champions” pelo Real.

Penso no fenômeno, admiro-me como um jogo de futebol chega, hoje, a atrair tantas pessoas no mundo todo. Assistiram ao jogo, no estádio, quase 90.000. Tento ter uma ideia de quantas pessoas terão assistido, como eu, pela televisão, ao vivo, ao espetáculo que durou das 20 às 22 horas (horário de Londres) de um sábado. Quantas pessoas, no sábado ou na madrugada do domingo (dependendo do fuso horário de cada país) puderam assistir, ao vivo, ao espetáculo? E mais, quantas, depois, apreciaram o vídeo?

Ensaiei uma rápida pesquisa no Google mas logo desisti. Um número estimado, de tendência, foi da ordem de 400 milhões, o que é cerca de 5% da população mundial. No Brasil, além da TNT, emissora de canal a cabo que transmite toda a competição, a SBT, em transmissão aberta, transmitiu a final e, o que é notável, superou em pontos a audiência da TV Globo, a líder, segundo o noticiário dos jornais. Li, também, que, em nosso país, mais de 90% das residências contam com aparelho de televisão. Em consequência, minha impressão é de que a audiência no Brasil, no sábado à tarde, foi mais do que 5% (cerca de onze milhões de pessoas). Números espantosos, especialmente quando lembramos que não se tratava de uma final de Copa do Mundo de seleções nacionais.

A realização de um espetáculo desse nível, pela UEFA (“Union of European Football Associations”), ligada à FIFA, é possível, claro, pelo extraordinário desenvolvimento do negócio futebol. Este envolve as federações dos países membros, as empresas prestadoras de serviços, a mídia e os patrocinadores das transmissões televisivas. Como projeto mundial, é gigantesco.

Nestes dias, já está sendo preparada, em detalhes, a competição do ano que vem, enquanto as seleções europeias disputam a Eurocopa, competição também realizada pela UEFA..

Quanto a mim, velho espectador, fico muito feliz pela oportunidade de assistir pela televisão a jogos de futebol de alta qualidade e reconheço a necessidade dos anúncios dos patrocinadores e de outros programas da televisão, que estão sendo inseridos durante o jogo e tomam quase todo o intervalo. Aproveito bem a transmissão porque as imagens são excelentes e acompanham a movimentação do jogo. E, se o narrador me aborrecer com suas estatísticas exageradas, suas comunicações com torcedores e seus anúncios de outros programas, desligo o som. Quero me concentrar no futebol que está sendo jogado.

Praticante amador de futebol durante muito tempo, eu, hoje, bem idoso, sou um espectador privilegiado desse esporte apaixonante.

Washington Luiz Bastos Conceição


Nota: A foto acima foi publicada no jornal "O Globo" em 02/06/2024