sábado, 27 de maio de 2023

Bota mulher na parada

Entre um procedimento cirúrgico e outro aqui do casal de idosos, que comentarei brevemente, continuo me distraindo com a transmissão de jogos de futebol na televisão. Minha preferência, em função da oferta dos canais, continua sendo pelos jogos na Europa.

A novidade é que, embora eu continue a assistir aos jogos dos marmanjos, estou apreciando mais o futebol feminino, mais perecido com o futebol de algum tempo atrás, em que não se tratava de luta livre pela posse da bola ou, mesmo, pelo próprio alcance da mesma.

Nos jogos masculinos, não me conformo com a tolerância dos árbitros, apoiados por novas instruções da FIFA, com os empurrões, agarrões, puxões de camisa e reclamações infundadas e grosseiras dos jogadores. Como é falado nos próprios anúncios que, hoje, ocupam todo o tempo do intervalo entre as duas fases das partidas, “o futebol hoje é outro”... E, mesmo com a benevolência dos árbitros, cartões amarelos e vermelhos são muito utilizados. Realmente, não é o esporte em que a habilidade do jogador é sua principal qualidade (embora tenha havido muito progresso nesse item) mas sim a força e a resistência física.

Quando afirmo que as partidas das moças são mais parecidas com o que eu entendo como futebol (e não rugby, por exemplo) considero que elas progrediram muito em quesitos como matada e controle de bola, finalizações a gol, cabeçadas e obediência a táticas. Lutam pela posse de bola, fazem suas faltas, mas não se envolvem em luta livre. É um espetáculo agradável.

O que é importante: estão ganhando popularidade, as plateias na Europa estão crescendo significativamente. A partida final da Copa Feminina da Inglaterra, disputada no Estádio de Wembley, em Londres, teve 77.390 espectadores. A equipe do Chelsea, de Londres, se tornou campeã da Copa.

Hoje, tornou-se também campeã da Premier League feminina da temporada.

Assisti aos jogos.

O duplo sucesso das moças do Chelsea foi um consolo para mim, pois a equipe masculina do mesmo clube, da qual sou torcedor há anos, teve nesta temporada um triste desempenho.


No Brasil, apesar dos esforços dos organizadores, observo que o futebol feminino ainda requer muito investimento. Nossa seleção nacional se mantém competitiva porque inclui várias atletas que jogam em clubes do exterior. Torcerei muito por nossa seleção na copa do mundo que vai se realizar em julho. Sei que nossas jogadoras lutarão com muitas dificuldades na competição, mas espero que elas se destaquem com desempenho heroico.


Continuarei a assistir a jogos de futebol feminino, apreciando sua evolução. Analisando este meu novo interesse, lembrei-me, no sossego de meus noventa anos, do samba que cantava o Miltinho, “Eu vou de mulher”, especialmente dos versos abaixo:

“Eu admiro uma parada
E um desfile militar
Forças armadas, coloridas
E os tambores a rufar
Mas se quiserem estragar meu feriado
É só me carregar pra ver soldado

Ai, ai, ai meu capitão
Bota mulher na parada
E me chama pra empurrar canhão”

Washington Luiz Bastos Conceição


Nota:

Se interessar à cara leitora ou ao prezado leitor, o link abaixo leva ao áudio do samba.

https://www.google.com/search?q=Eu+vou+de+mulher&oq=Eu+vou+de+mulher&aqs=chrome..69i57j33i160l2j33i21j33i22i29i30l2.19187j0j15&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:17b2010d,vid:zAgkoBJE27g