terça-feira, 24 de janeiro de 2023

O “football business” e a FIFA

Pelo que tenho escrito, penso que meus leitores, tão quanto meus amigos, sabem que aprecio muito o futebol e que assisto a partidas na televisão, principalmente as de clubes europeus. Enquanto observo os lances variados, a habilidade e o esforço dos jogadores, até as táticas dos times, penso na abrangência da prática do esporte que, por se tornar um espetáculo, é altamente apreciado no mundo todo, em países das mais variadas culturas e formas de governo. Em consequência, é hoje um grande negócio global – basta considerar as multidões que frequentam os estádios e, mais ainda, a transmissão por televisão – ao vivo e por vídeos – para bilhões de espectadores.

Embora eu não tenha a mínima ideia da equação financeira dos clubes ao contratarem jogadores por valores milionários em moedas fortes (mesmo considerando que os contratos têm prazos de anos) é de se entender que estejam sendo feitos grandes investimentos no futebol por pessoas e organizações bilionárias de vários países.

Também procuro imaginar quantas pessoas vivem do negócio futebol. Além daqueles diretamente envolvidos – jogadores, técnicos, árbitros, médicos, dirigentes... – os que trabalham nos estádios, na mídia em geral e na televisão em particular, nos hotéis, nas linhas aéreas... Já é muita gente, vou parar por aqui.

E observo, admirado, que a FIFA (“Fédération Internationale de Football Association”) coordena todas essas competições globais de futebol. Com representantes nos países membros, apoia as federações respectivas na realização de seus campeonatos, mediante regulamento que abrange vários itens essenciais para a realização dos jogos e a organização das competições. Inclui as regras do esporte propriamente ditas, o estabelecimento dos locais e cronogramas dos torneios internacionais e o controle do “fair-play” financeiro dos clubes nas contratações de jogadores. E mais, adota medidas especiais junto aos clubes e seleções afetadas, nos casos de conflito entre países membros.

Além do futebol “de campo” (masculino e feminino), a ação da FIFA se estende ao futebol “de salão” (ou futsal) e ao futebol “de praia”.


Acompanhando o futebol de campo masculino, fico impressionado com o encaminhamento que a FIFA deu à simetria das competições de clubes e das competições de seleções nacionais.

Quanto aos clubes, em cada um dos países há um campeonato e uma copa nacional, além das competições tradicionais locais (estas, a critério de cada um; por exemplo, o Brasil ainda tem campeonatos estaduais e a Inglaterra tem duas copas nacionais). O campeonato e a copa de cada país servem para a classificação para as copas regionais de clubes (exemplos destas: a “Champions League” e a “Europa League”, na Europa, e a Libertadores e Sul Americana na América do Sul). Os vencedores das copas principais, em cada região, se classificam para o Campeonato Mundial de Clubes, organizado pela FIFA. Não esqueçamos: todos esses jogos estão acontecendo no mundo inteiro!

Ufa! A esta altura, o caro leitor ou prezada leitora já se cansou de tanta competição. Imagine como será orientar e programar essas atividades, estabelecendo as chamadas datas-FIFA. E são 211 países membros!

E temos, ainda, os campeonatos de seleções nacionais, que agitam, praticamente, toda a população de cada país. Em cada uma das seis confederações (Europa; África; América do Sul; América do Norte e Central; Ásia; e Oceania) os países competem localmente pela classificação para a fase final da Copa do Mundo. E, paralelamente, disputam uma copa regional (Eurocopa e Copa América, por exemplo).

O principal evento internacional é a fase final da Copa do Mundo, realizada a cada quatro anos.

Segundo a FIFA: “Em 18 de dezembro de 2022, 88.966 espectadores lotaram o Estádio Lusail e cerca de 1,5 bilhão em todo o mundo assistiram a uma final vibrante entre Argentina e França. Os primeiros números sugerem que cerca de 5 bilhões de pessoas se envolveram com a Copa do Mundo da FIFA Qatar 2022, acompanhando o conteúdo do torneio em uma variedade de plataformas e dispositivos no universo da mídia.”

Considerando que a população global em 2022 é estimada em oito bilhões, os números da FIFA são fantásticos.


E a expectativa é, ainda, de grande crescimento, com a evolução do futebol feminino, assim destacado no site:

“O futebol feminino é a maior oportunidade de crescimento no futebol hoje e continua sendo uma prioridade para a FIFA. Embora o jogo tenha crescido exponencialmente em todos os níveis, a paixão e a crescente popularidade do esporte oferecem um vasto potencial inexplorado. A FIFA está investindo em financiamento, recursos humanos e programas de desenvolvimento inovadores e personalizados, para trazer o futebol feminino para o nível principal, onde ele deve estar.”

Por ter assistido recentemente a várias partidas de futebol feminino, entre clubes e seleções nacionais, vejo, também, em sua evolução, uma grande contribuição ao “football business”.

Washington Luiz Bastos Conceição


Notas:

1. A Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023 será realizada na Austrália e na Nova Zelândia em julho e agosto.

Do site da FIFA:

O horizonte de Sydney forneceu um cenário deslumbrante para a apresentação da OCEAUNZ, bola oficial da Copa do Mundo FIFA Feminina de 2023.

2. Dizem as más línguas que a implantação do futebol feminino enfrentou a dificuldade inicial de colocar em campo dez mulheres vestindo roupa igual.