Conversando com amigos e observando as pessoas da
minha família, concluo que é geral o hábito de ler jornais, revistas,
publicações na internet, além das mensagens no telefone celular e no
computador. A maioria deles lê também livros como entretenimento e alguns, por
força de sua atividade profissional, leem apenas livros e manuais técnicos.
Eu me incluo na maioria, com uma particularidade:
desde que comecei a escrever, meu hábito de leitura mudou. Diferentemente do que
fazem outras pessoas, que leem livros em sequência, de “cabo a
rabo”, leio vários livros ao mesmo tempo, ou seja, começo a leitura de um livro
antes de terminar a dos outros e volto a cada um deles sem pressa de chegar ao
fim. No conjunto, quando termino a leitura de um, já há algum novo no processo.
Os e-books favorecem essa variação, uma vez que estão todos no mesmo
dispositivo, em biblioteca digital.
A escolha dos livros é feita por razões variadas.
Sentindo falta de conhecer obras de autores renomados, venho buscando ler
livros pelos quais nunca havia me interessado e, assim, sentir-me menos
ignorante. Outros, seleciono para consultas de apoio a meus escritos. E, ainda,
releio livros para me lembrar de detalhes das histórias ou procurar entender
melhor a intenção e as mensagens dos autores.
Como ilustração, menciono abaixo os livros que tenho
lido nestes dias:
Sentindo a necessidade de ler mais Machado de
Assis, de cuja obra conheço muito pouco, comprei o e-book de suas obras
completas (romances e contos) e, gostando mais de umas histórias que de outras,
impressiona-me como ele retrata bem os personagens e costumes do seu tempo.
Sigo lendo, é uma quantidade generosa de histórias.
Dentre os notáveis mencionados em livros de
História do Século XX e em filmes recentes, Churchill continua tendo grande
destaque. Para saber mais da vida desse líder extraordinário, cuja atuação
excepcional na Segunda Guerra Mundial eu acompanhei no noticiário da época, li
“Winston Churchill - The Life, Lessons & Rules For Success”, por Jack
Morris.
Eu não havia lido nada de Shakespeare (nunca me
atrevi a enfrentar o seu Inglês) e, embora conhecesse as histórias de várias de
suas tragédias, sentia-me ignorante quando alguém mencionava “Macbeth” e “Rei
Lear”, pois não conhecia seus enredos. Aproveitando uma promoção de e-books que
incluía livros com a tradução dessas duas peças, comprei e li os dois; algumas
vezes, tive de me esforçar para entender sentenças que estão em uma ordem
inversa complicada. Valeu a pena, eles satisfizeram minha curiosidade.
De Júlio Verne eu havia lido apenas – e
já faz muito tempo – o livro “Vinte mil léguas submarinas”. Quando a Amazon me
ofereceu algumas obras dele, me interessei. Tendo gostado muito do filme “A
volta ao mundo em 80 dias” (com David Niven e Cantinflas), comprei a versão
e-book do livro; já o estou lendo e, como não podia deixar de fazer, comparando
com o filme.
E poesia? Minha leitura de poesia sempre foi muito
pouca. Quando estudante, li poemas nos livros escolares e nas antologias. Mais
tarde, alguns de Garcia Lorca, Vinicius e Neruda. Na juventude, assisti no
teatro a declamações dos Jograis, as quais apreciei muito. Nestes dias, de
tanto ouvir elogiarem o poeta, estou começando a ler o e-book “Fernando Pessoa
– Obra Poética Completa”.
Já há algum tempo, decidi revisitar o D. Quixote, lendo-o
em Espanhol pela terceira vez na vida, agora na versão e-book (não está nessa
conta o “D. Quixote para crianças”, de Monteiro Lobato, que li na minha
infância). Estou relendo devagar, revendo os casos, voltando a me impressionar
com os desvarios e os discursos do Cavaleiro da Triste Figura e apreciando as
declarações de Sancho, que refletem o bom senso das pessoas simples de seu
tempo. E, mais uma vez, venho observando no texto palavras que hoje são do
Português e não mais do Espanhol. Interrompi a leitura por alguns dias, agora,
de pena de nosso herói pelas surras que vem levando em sua segunda saída de
casa. Vou retomá-la em breve.
Também resolvi reler o “Recessional”, de James
Michener, mencionado em crônica anterior, quando comentamos, meus amigos ex-ibmistas
e eu, o assunto da solução para a moradia de idosos. Esse livro, que tenho na
versão impressa e é um tanto volumoso, estou lendo devagar, relembrando partes
da narração de que havia me esquecido e voltando a me impressionar com o
realismo do autor ao retratar casos dos idosos na instituição exemplar em que
residiam. Não parece ficção.
Bem, minha intenção nesta crônica não era fazer um
relatório de minha leitura recente ao caro leitor ou à prezada leitora, mas comentar
meu comportamento como leitor após ter me lançado na aventura de escrever.
Procedo como um idoso que vá à estante de sua casa, escolha um de seus livros e, sentado em sua poltrona preferida, leia-o por algum tempo, interrompa a leitura, marque a folha e recoloque o livro na estante. E que, mais tarde, ou no dia seguinte, resolva escolher e ler um pouco de outro livro.
Procedo como um idoso que vá à estante de sua casa, escolha um de seus livros e, sentado em sua poltrona preferida, leia-o por algum tempo, interrompa a leitura, marque a folha e recoloque o livro na estante. E que, mais tarde, ou no dia seguinte, resolva escolher e ler um pouco de outro livro.
Minha vantagem é ter no “tablet” (e também no computador, no
celular e na nuvem) minha estante digital, que posso, portanto, carregar
comigo. Além disso, o programa de leitura do e-book faz a marcação automática da
página de cada livro quando interrompo a leitura, de modo que, ao retomá-la,
vou diretamente ao ponto da interrupção; além deste recurso, o programa oferece
um dicionário (do idioma utilizado no livro) que, ao se marcar uma palavra na
tela do dispositivo, apresenta, na mesma tela, o significado da palavra marcada.
Ao analisar esse meu comportamento, percebi que não estou apenas lendo livros,
mas também convivendo estreitamente com seus personagens e seus autores; com
estes, agora que experimento as dificuldades e a grande satisfação de escrever,
mantenho uma relação de empatia e admiração.
É uma convivência extremamente prazerosa.
Washington Luiz Bastos Conceição
Adoro ler mais de um livro ao mesmo tempo, como v. faz... Paro e retorno a eles, na maioria das vezes, sem problemas. Atualmente estou lendo um livro com muitos personagens e toda vez que paro, ao retornar, esqueço da história de alguns deles e tenho que rever algumas páginas passadas...rsss
ResponderExcluirEu também tenho o hábito de ler mais de um livro no período. Neste processo cheguei a uma conclusão que me poupa algum tempo. Livros que defendem imã tese uma ideia ou técnica, tendo lido os primeiros +/- 20% já dá uma boa ideia do está se propondo! O resto é para vender o livro. Ninguém compra um livro de 100 página. Agora um de 300 pág. já impõe respeito!!
ResponderExcluirWashington. Eu deveria fazer o mesmo que você: procurar essas leituras importantes que, além do prazer, nos trazem um reforço na cultura, no conhecimento mais profundo desses escritores talentosos que nos deixaram uma herança valiosa. Ainda não me adaptei a essa leitura digital, o que reconheço, é pura ranhetice de velhinha. Quem sabe, ainda chego lá...
ResponderExcluirCumprimentei você pelo aniversário e me habituei a suas respostas. Como este ano nada veio, me pergunto se chegou. Abraços. Isa
Obrigado pelo comentário, Isa.
ExcluirSou atento aos e-mails recebidos mas não frequento muito o facebook. Encontrei neste sua atenciosa e linda mensagem, pela qual agradeço muito. Abraços.