O título acima deve parecer estranho; a atenciosa leitora ou o amigo leitor pode estar pensando: “O Washington, aos noventa anos, parece que está um tanto excêntrico; o que um escritor tem a ver com o outro?”
E terá motivo para isso, mas posso explicar: li,
nestas últimas semanas, dois livros que me impressionaram sobremaneira e decidi
comentar minhas impressões com os caros leitores deste blog, sem pretensão
alguma de fazer análise literária.
Meu amigo Gentil me enviou uma mensagem gravada há
algumas semanas contando: “Acabei de ler
um livro do Dan Brown; achei fantástico! O autor é um fenômeno, consegue manter
sua atenção, você pensa que ele vai para um caminho, ele passa para outro e o
final é totalmente inusitado... o título é O Símbolo Perdido."
Falei à Leilah, minha esposa, sobre o livro e o comentário do
Gentil. Ela, ávida leitora, estava para começar novo livro; interessou-se,
lembrando que Dan Brown é o autor do Código da Vinci. Antes que eu comprasse o
e-book, o Gentil me emprestou sua versão impressa. Leilah começou a ler
imediatamente e não largou mais do livro. À medida que lia, comentava comigo o
que estava encontrando: a impressão que teve de se tratar de uma espécie de
ficção científica e, principalmente, a descrição dos edifícios e monumentos em
Washington, cidade onde estivemos há mais de 50 anos. Ficou com muita vontade
de revê-la e, em especial, de visitar o Capitólio.
Quando ela liberou o livro, chegou a minha vez de lê-lo. Pude então sentir que é muito diferente de outros que tenho lido recentemente. É um livro de muita ação e suspense constante, no qual o autor joga com ações concomitantes em alguns locais diferentes, com pessoas que se relacionam na história. Sua técnica é suspender a narrativa em um ponto crítico e passar para os acontecimentos que se desenrolam em outro local, com outras pessoas, o que mantém o leitor em suspense.
Quanto aos temas centrais da história, fiquei realmente
humilhado por verificar o desconhecimento que tenho de mitologias, de pessoas
mencionadas, da Maçonaria e dos símbolos
usados pelas diferentes culturas. De qualquer forma, como aconteceu com a Leilah,
fiquei agarrado ao livro até o final.
Quando concluí a leitura do O Símbolo Perdido,
busquei na minha biblioteca digital Kindle, como faço de vez em quando, algum
e-book que ainda não tivesse lido. Encontrei uma publicação do O Conde de Monte
Cristo, de Alexandre Dumas, em Espanhol, que comprei há tempo aproveitando uma
promoção, mas ainda não tinha lido. Como tenho feito com outros e-books, decidi
ler a história tão mencionada, conhecida até através de filmes, mas da qual eu
tinha, apenas, um vago conhecimento. Para minha surpresa, considerando
tratar-se de um romance de aventura do século XIX, senti que ele, além
de muita intriga, muita ação, tem a característica de suspense, o que me
manteve preso à sua leitura. Sempre curioso pelo desenrolar da história, a
partir de certo ponto passei a achar os diálogos muito longos e a desejar chegar
logo ao final do livro. Dediquei um bom tempo, diariamente, à sua leitura e o
livro não acabava nunca (Leilah passou a se divertir com a minha
luta, minha pressa em terminar o livro e escrever esta crônica que eu já vinha
esboçando). Terminei sua leitura há poucos dias.
A publicação em si não é, tecnicamente, das
melhores; encontrei erros de digitação, até um caso de inserção de texto em posição errada, e
a tradução para o Espanhol manteve o tratamento de vós nos diálogos (o que, na
conjugação dos verbos especialmente, torna a leitura mais difícil). Contudo,
serviu para meu propósito, que era conhecer a história original, detalhada e
completa.
Capas dos livros (copiadas de amazon.com.br) |
Por quê, então, reuni dois escritores tão distantes no tempo e na tecnologia, nesta crônica? A razão está no meu hábito, quase segunda natureza, de relacionar fatores e encontrar analogias.
Observei que o livro de Dan Brown e o de Dumas guardam certas semelhanças. Como se dizia antigamente, “senão vejamos”: primeiro, ambos são histórias fantásticas, parecendo a mim fortemente irreais; além disso, também mencionam citações de pessoas célebres, deuses, mitologia e fatos históricos; apresentam aspectos de cidades (no caso de Dumas, uma descrição turística de Roma e um pouco de Marselha e Paris, destacando nesta o tipo de vida dos personagens, em meados do século XIX); no caso de Brown, Washington, a capital dos Estados Unidos, nos dias de hoje, destacando o Capitólio e monumentos; em ambos os livros, os respectivos personagens centrais são, igualmente, uma espécie de super-homens que, após terem sofrido alterações físicas, encontram pessoas que conviveram intimamente com eles e não são reconhecidos por elas, o que é deveras difícil de acreditar. Há, também, em cada história, o caso de uma personagem ressuscitada após a descrição detalhada de sua morte.
Claro, há diferenças enormes nas histórias, separadas por dois séculos e, em termos de tecnologia, por uma distância muito maior. Por exemplo: no livro de Dumas, as viagens são por navio, carruagens ou simplesmente a cavalo, a comunicação é por carta, as armas são pistolas e punhais e pessoas são envenenadas; os personagens de Brown se deslocam por aviões a jato, automóveis, helicópteros e metrô; a comunicação é por telefones celulares com recursos muito avançados (alguns usados na perseguição de pessoas); as armas de fogo têm comando eletrônico, disparadas até de helicóptero com precisão extraordinária, e as chamadas armas brancas têm uso simbólico.
Reconheço que encontrei em Dan Brown um extraordinário mestre
do suspense (eu tinha, apenas, assistido ao filme Código da Vinci, baseado em seu livro). Leitor
assíduo de John Grisham, outro mestre, vou ficar também freguês do Brown.
E depois de ler o Conde de Monte Cristo, estou
certo de que há, desde muitos anos, mais escritores que consigam nos prender às
suas histórias e que nos deleitem com elas.
Vamos ler mais?
Washington Luiz Bastos Conceição
Nota: Meu amigo Gentil é Carlos Gentil Vieira; fomos colegas na IBM. Autor de vários livros, começou a escrever antes de mim. Seu site, vececom.com, é dedicado a autores e leitores independentes.
Um dos meus autores preferidos, Dan Brown. Li tudo que foi publicado dele aqui no Brasil, apesar do meu preferido continuar sendo O Código da Vinci. O filme, pra mim, nem faz tanto jhs ao livro 😉
ResponderExcluirInteressante o comparativo entre livros tao diferentes. Essa é a magia da leitura! Sou assinante da Tag e venho “viajando” entre epocas, culturas e paises diferentes! Uma maravilha!!!!!
ResponderExcluirDe D. Isette: Oi,Washington,mais uma vez tive o prazer de ler uma crônica sua! Sou também uma leitora constante. Os dois autores citados por você,são,sem dúvida,excelentes. Conheço algumas obras deles. Legal você conseguir encontrar alguma forma semelhante na escrita deles devido a diferença de épocas!!! Parabéns! Abraços para Leilah e para você.
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